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TENSÃO NO GOLFO
Bagdá diz que inspetores da ONU não poderão mais seguir monitorando destruição de seu arsenal
Iraque suspende cooperação com ONU
das agências internacionais
O Iraque anunciou ontem a suspensão total de sua cooperação
com a Unscom, a comissão especial da ONU encarregada de eliminar o arsenal de destruição em
massa do país.
O país decidiu "suspender todas
as formas de cooperação com a
Unscom e com o seu chefe (o australiano Richard Butler) e impedir
todas as suas atividades no Iraque,
inclusive as operações de vigilância", diz um comunicado divulgado ao final de uma reunião dos líderes iraquianos presidida pelo ditador Saddam Hussein.
O comunicado afirma que a decisão "não inclui a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA,
sediada em Viena), que pode continuar suas atividades se atuar de
forma totalmente independente da
Unscom". Os EUA e a França condenaram a atitude do Iraque.
Segundo o comunicado, o Iraque
espera que a decisão leve o Conselho de Segurança da ONU a "considerar séria e sinceramente a suspensão de injustas" sanções impostas pelo Conselho após a invasão iraquiana do Kuait em 1990.
"O Conselho deve também demitir Richard Butler e reestruturar
a Unscom para torná-la um corpo
internacional neutro", disse o comunicado, acrescentando que a
Unscom hoje serve de fachada para a atuação de espiões a serviço
dos EUA.
Em outubro, a Unscom retirou
dois inspetores do Iraque após
Bagdá os acusar de espionagem
por terem tirado fotos de instalações militares sem autorização
prévia. Butler admitiu que os inspetores tinham violado regras da
Unscom, mas negou as acusações
de espionagem.
No último dia 5 de agosto, o Iraque suspendeu sua cooperação
com os inspetores da ONU alegando que eles estavam seguindo ordens dos EUA, que estariam interessados em prolongar indefinidamente as sanções contra o país.
Na ocasião, o governo iraquiano
restringiu as visitas dos inspetores
apenas a locais previamente inspecionados.
De acordo com resoluções aprovadas no Conselho de Segurança
após a derrota iraquiana na Guerra
do Golfo (91), as sanções só podem
ser suspensas após a Unscom certificar que o arsenal de destruição
em massa iraquiano foi eliminado
completamente.
Bagdá disse que a atitude tomada
ontem refletia sua insatisfação
com a decisão tomada pelo Conselho de Segurança anteontem de rever o cumprimento iraquiano das
resoluções do órgão da ONU.
Mas a revisão não associou, como queria o Iraque, o cumprimento das resoluções a uma eventual
suspensão das sanções, que causaram o colapso econômico do país.
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