DA REDAÇÃO

O presidente dos EUA, George W. Bush, afirmou ontem em entrevista coletiva em Amã que o atual premiê iraquiano, o xiita Nuri al Maliki, é "o cara certo para o Iraque" e que ambos decidiram acelerar a transferência da responsabilidade sobre a segurança no país às forças iraquianas. Mas não fixou prazos.
O encontro, marcado originalmente para anteontem, foi adiado após o vazamento de um memorando do assessor de segurança nacional da Casa Branca, Stephen Hadley que pôs em xeque a força do premiê.
Os dois líderes tentaram despistar qualquer sinal de tensão. Bush reafirmou sua confiança no premiê iraquiano: "Pude assistir ao nascimento de um líder. Você não pode liderar com falta de coragem. Ele [Maliki] tem coragem e demonstrou-a nos últimos seis meses".
O iraquiano, por sua vez, disse que "não existem problemas" entre os dois governos.
As declarações vêem num momento em que a violência sectária no Iraque está em seu ápice -47 pessoas foram mortas ontem, e mais 37 corpos foram achados. Além disso, Bush está sob pressão para retirar as tropas do Iraque.
No caso de Maliki, a pressão vem de parlamentares e ministros ligados ao clérigo radical xiita Muqtada al Sadr, que suspenderam anteontem as relações com o governo em protesto ao encontro com Bush.
A Casa Branca advertiu Maliki para reduzir a confiança em Sadr. O premiê, entretanto, exortou os sadristas a reconsiderarem o boicote a seu governo. "Essa decisão não é positiva para o processo político", disse.

RetiradaBR> Em uma entrevista posterior concedida à rede de TV americana ABC, Maliki afirmou que as forças iraquianas estariam prontas para assumir o controle da segurança já em junho. Mas ressaltou que isso não implica na retirada americana. "Nós e o presidente Bush concordamos em manter as mesmas forças [dos EUA] e em treinar mais forças iraquianas."
Já Bush desconsiderou a possibilidade de começar uma retirada gradual, como sugerirá o Grupo de Estudos do Iraque em relatório a ser divulgado na próxima quarta.
"Sei que há muita especulação sobre relatórios de Washington que pedem um movimento de saída do Iraque", disse Bush. "Vamos manter nossas tropas até que o trabalho seja concluído e enquanto o governo [iraquiano] nos quiser lá".
Bush também disse que ele e Maliki se oporiam à divisão do Iraque. "O premiê deixou claro que dividir seu país em partes, como alguns sugeriram, não é o que o povo iraquiano quer. Isso levaria a um aumento da violência sectária", disse Bush, acrescentando: "Eu concordo".