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VIZINHO EM CRISE
Em Brasília, presidente diz que paralisação é golpe; alguns oposicionistas sugerem a desobediência civil
Oposição fala em suspender greve geral na Venezuela
DA REDAÇÃO
A greve geral da Venezuela
completa um mês hoje, e alguns
líderes oposicionistas sugeriram
que ela fosse suspensa, com uma
campanha de desobediência civil
tomando seu lugar.
Consultado sobre a nova estratégia planejada para finalizar a paralisação, um dos líderes grevistas, Américo Martin, disse que "a
greve é uma estratégia como muitas outras". "Se a desobediência
civil é uma soma ou se é uma
substituição à greve, isso é algo
que deve ser decidido na hora certa. Pode-se sim substituir a greve
pela desobediência civil."
O discurso apaziguador, porém,
não foi consenso. Carlos Ortega,
presidente da CTV (Confederação de Trabalhadores da Venezuela), disse que a greve prosseguirá com fôlego cada vez maior.
Ele responsabilizou o governo
por "favorecer um quadro de violência generalizada para interromper o caminho da normalidade democrática".
O presidente venezuelano, Hugo Chávez, foi a Brasília para assistir à posse do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva. Procurou, ao
cumprir esse compromisso externo, segundo seus partidários, demonstrar não temer uma quartelada durante sua ausência do território venezuelano.
Ele declarou ontem que a Venezuela "está sofrendo um golpe de
Estado disfarçado de greve geral"
e qualificou os que querem afastá-lo de "elite empresarial e sindical
corrupta". Acusou seus opositores de "minorias envenenadas pela violência" e acusou a imprensa
venezuelana de "falta de ética e de
partidarismo".
Do lado das lideranças empresariais, Carlos Fernández, presidente da Fedecámaras, disse, ao
discursar para uma multidão reunida em Caracas, que Chávez "é
um triste acidente na história desta nação". Encerrou seu discurso
desejando um feliz 2003 e apelando para que não se dê "nem um
passo atrás".
Governo e opositores procuraram dar uma demonstração de
força com manifestações paralelas, em Caracas, que comemoraram a chegada de 2003.
Os partidários de Chávez reuniram-se ao redor de um telão, no
qual acompanharam a mensagem de fim de ano do presidente e
foram estimulados a prosseguir
na defesa da Constituição.
"Deveremos nos preparar para
dificuldades ainda maiores no
primeiro trimestre do novo ano",
disse Chávez. Conclamou os venezuelanos a resistir àqueles que
"estão querendo nos asfixiar por
meio de uma tentativa de golpe".
Qualificou-os de "sabotadores" e
de "maus filhos da pátria".
Chávez também evocou Jesus
Cristo, a quem chamou de "meu
comandante", e exibiu um crucifixo prateado e o modelo de uma
bomba de óleo para ilustrar seu
esforço para interromper a greve,
iniciada em 2 de dezembro.
A festa dos chavistas, com dezenas de milhares de pessoas, terminou em baile, com uma banda de
gaitas e canções populares.
A concentração da oposição
também reuniu dezenas de milhares de manifestantes. Com apitos, bandeiras e um espetáculo de
fogos de artifício, os adversários
do governo voltaram a pedir o
afastamento de Chávez e prometeram manter a greve até que o
objetivo seja alcançado.
Seus participantes ouviram discursos nos quais o presidente,
eleito em 1998, foi novamente
acusado de estimular o ódio e de
querer para a Venezuela um comunismo de modelo cubano.
A oposição quer a convocação
para 2 de fevereiro de um referendum sobre o prosseguimento do
mandato presidencial. A consulta
seria só indicativa. Mesmo se derrotado, o presidente não seria
obrigado a renunciar.
Chávez diz aceitar o referendum, mas apenas em agosto, com
a metade de seu mandato já cumprido e a possibilidade legal, segundo o governo, de tal consulta.
Apesar de aparentemente não
estar enfraquecido, Chávez vê sua
sustentação popular diminuir
com a crise provocada pela greve,
que paralisou a indústria do petróleo. A Venezuela é o quinto
maior exportador do produto.
O petróleo representa um terço
das riquezas venezuelanas e 70%
de suas exportações. A produção
não foi plenamente retomada,
mesmo depois que Chávez demitiu diretores da estatal do setor.
Pela primeira vez, em 40 anos, o
país precisou importar gasolina.
Com agências internacionais e com a Sucursal de Brasília
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