São Paulo, terça-feira, 02 de janeiro de 2007

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TVs nos EUA discutiram se transmitiriam

BILL CARTER
DO "NEW YORK TIMES"

Confrontadas com um segundo e mais explícito vídeo do enforcamento de Saddam Hussein, as redes americanas de TV se viram diante daquilo que o presidente da NBC News, Steve Capus, chamou de "decisões editoriais delicadas".
Esse segundo vídeo, quase certamente obtido por um celular de um dos guardas ou de alguma das testemunhas da execução, inclui o diálogo áspero entre o ditador e os carrascos e também o momento em que o cadafalso se abre e o réu despenca no vazio, balançando e dependurado pelo pescoço.
Nenhuma das redes nacionais americanas levou ao ar essa última cena. O site da BBC passou a fornecer um link para quem quisesse assisti-la, embora a emissora não a tivesse levado ao ar.
Mas o comedimento das redes americanas não foi demonstrado por sites da internet, que postaram toda a seqüência sem cortes, inclusive aquela em que o rosto do ditador já aparece imobilizado pela morte.
A CNN e a Fox News divulgaram o vídeo feito por celular, congelando a imagem do rosto de Saddam antes dos instantes finais, ou seja, antes da execução propriamente dita, que chocaria seus telespectadores. A cena foi reiteradamente transmitida anteontem. A Fox a obteve já no sábado, depois que um canal árabe a havia transmitido. A ABC também divulgou imagens em seus jornais, tarde daquela noite.
David Rhodes, vice-presidente da Fox News, disse que uma das razões que levaram sua rede a transmitir o novo vídeo era a existência de um diálogo entre Saddam e seus carrascos. Esse detalhe é que virou o centro da notícia, disseram diretores de redes. John Klein, presidente das operações americanas da CNN, disse que havia na cena um confronto entre o condenado sunita e seus algozes xiitas, o que segundo ele compunha "um microcosmo das tensões da sociedade iraniana no momento".

O grande assunto
O vídeo se transformou em tema tão relevante quanto a própria execução de sábado. Só nos países de língua inglesa, segundo o Google, havia ontem à noite 4.370 menções a esse fato.


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