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País atrai interesse externo desde a Antiguidade
DA REDAÇÃO
Caldeus, persas, mongóis, otomanos, sauditas e britânicos, entre outros. Berço dos primeiros
rastos da civilização humana
-incluindo a invenção da roda,
da matemática e da agricultura-
e palco de boa parte das histórias
das Mil e Uma Noites, a região entre os rios Tigre e Eufrates (a Mesopotâmia), que praticamente
compõe o Iraque moderno, atraiu
o interesse de vários povos desde
a Antiguidade por causa de sua
terra fértil, suas riquezas e seu desenvolvimento científico.
Algumas das primeiras cidades
conhecidas -como Uruk (terra
de Gilgamesh que deu origem ao
nome Iraque) e Ur (cidade natal
de Abraão, o pai de religiões monoteístas como o judaísmo, o cristianismo e o islamismo)- se localizam no país. Fundada pelo califa Al Mansur (o vitorioso) em
762, Bagdá era a maior cidade do
mundo e tinha cerca de 1 milhão
de habitantes já no século 9º.
A diversidade étnico-religiosa e
a história milenar são fatores que
propiciaram uma riqueza cultural
mas também o que historiadores
árabes descrevem como a "síndrome da Torre de Babel" (que ficaria no Iraque): um entendimento nem sempre fácil aliado a um
chamariz para a cobiça externa.
Já em 1258, Hulagu Khan, neto
de Gengis Khan, mandou degolar
90 mil bagdalis e seu último califa.
Três séculos depois, o Iraque foi
anexado ao Império Otomano e a
administração da província foi
entregue a paxás locais. Iniciou-se
uma série de enfrentamentos e
disputas de poder que, em certa
medida, ainda hoje se mantêm.
No norte, os emires curdos desfrutavam de autonomia quase total, enquanto no sul os xiitas se rebelavam com frequência. "No Império Otomano, o Iraque se torna
tema permanente de discórdia
entre o califa turco e sunita e o xá
xiita da Pérsia", afirma Philippe
Rondot, autor de "L'Irak".
Além dos otomanos, os sauditas
também tentaram controlar a região, com a estrita doutrina islâmica do wahhabismo. Chegaram
a profanar santuários xiitas no sul
(palco de grande eventos da história islâmica xiita), em Karbala.
O domínio otomano e o colonialismo europeu incentivaram o
crescimento do nacionalismo
árabe. Pelo menos desde 1880,
cartazes clandestinos pediam um
"despertar da nação árabe".
Os nacionalistas árabes, liderados por Fayssal, filho de Hussayn
Ibn Ali, grão-xerife de Meca (que
lançou em 1916 a Grande Revolta
árabe), reivindicavam "independência para os povos da Ásia que
falam árabe em único reino árabe". Mas foram os acordos de
Sykes-Picot, de 1916, que prevaleceram com zonas de influência
britânica ou francesa.
O Iraque passou para o domínio
britânico e, em três meses, a revolta era geral. Sob controle dos ingleses, os 3,5 milhões de iraquianos indicaram, em referendo,
Fayssal como rei do Iraque. Em
1929, dois anos depois que o petróleo foi descoberto no norte do
país (em Kirkuk), os ingleses já
garantiam o controle com a criação da Iraq Petroleum Company,
cuja sede se fixou em Londres.
A independência efetiva só viria
em 1932. Boa parte das fronteiras
foi demarcada na década de 30,
mas, como foram divisões artificiais impostas sem levar em conta
a distribuição étnico-religiosa,
ainda provocam contendas territoriais. Desde aquela época, iraquianos reivindicavam o Kuait,
um dos fatores que levaram à invasão do país em 1990 e à Guerra
do Golfo em 1991.
(PDF)
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