|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Defesa terá gasto recorde e novo foco nos EUA
Revisão quadrienal desloca prioridade das guerras tradicionais para a capacidade de lidar com conflitos localizados simultâneos
Mudança favorece conflitos no Iraque e Afeganistão; Robert Gates pede US$ 708 bi para o ano fiscal de 2011, após US$ 664 bi para 2010
DA REDAÇÃO
Em um relatório vital sobre
defesa, os EUA indicaram ontem que pretendem alterar formalmente a prioridade de preparação de suas Forças Armadas da aptidão de lutar duas
grandes guerras convencionais
ao mesmo tempo para a capacidade de lidar com uma série de
conflitos localizados simultâneos. A mudança chega enquanto o Pentágono solicita
um recorde de US$ 708 bilhões
para o ano fiscal de 2011.
No relatório da Revisão Quadrienal de Defesa que o Pentágono entregou ontem ao Congresso, o novo "mantra" dos
responsáveis pelo planejamento será substituir a preparação
para os combates tradicionais
-estratégia defendida há ao
menos 25 anos- pela proteção
de interesses americanos ao redor do mundo contra novas
ameaças, que vão de insurgência a ataques cibernéticos.
O texto é substancialmente
diferente da revisão anterior,
de 2006, que ainda era focada
em guerras convencionais de
grandes proporções contra países como a China e a Coreia do
Norte. Mas os ventos de mudança não são inéditos: meses
após a posse do presidente Barack Obama em 2009, o secretário da Defesa, Robert Gates,
anunciara uma ampla reformulação no orçamento do Pentágono, com cortes em muitos
sistemas de armas tradicionais
e bilhões de dólares adicionais
em verbas para novas tecnologias de combate a insurgências
no Iraque e no Afeganistão.
"Esse é realmente um relatório de um tempo de guerra",
afirmou Gates. "Pela primeira
vez, colocamos no topo das
prioridades de orçamento os
conflitos atuais."
O relatório também pede reforma em contratos de defesa e
compra de equipamentos. Em
entrevista coletiva, Gates deu
início a essa reforma ao substituir o responsável pelo maior
programa de armas do governo
-do caça F-35- e suspender
US$ 614 milhões em uma compra acertada com a empresa
Lockheed Martin.
A suposta ameaça da China,
porém, não sumiu: o texto cita
seus programas de modernização militar, dos quais pouco se
sabe. Mas o relatório é mais duro contra Irã e Coreia do Norte
-vê com "preocupação" a "ambição nuclear e a atitude confrontacional" de ambos.
O Brasil ganhou menção. O
relatório diz que os EUA "continuam comprometidos com a
criação de uma parceria forte
com o Brasil -segunda economia do hemisfério- para todos
os assuntos regionais e de segurança global".
Os fundos solicitados também refletem as prioridades: o
Pentágono foi um dos vencedores do Orçamento de Obama
para o ano. Dos US$ 708 bilhões para o ano fiscal de 2011,
21% -US$ 159 bilhões- serão
destinados apenas a operações
no exterior, principalmente no
Afeganistão e no Iraque, enquanto US$ 549 bilhões são de
verba discricionária para programas variados (aumento de
3,4% em fundos-base).
Para os próximos 18 meses,
Obama quer destinar US$ 192
bilhões aos dois conflitos, que
desde 2001 já consumiram,
combinados, mais de US$ 1 trilhão. O valor perde, porém, do
pedido por George W. Bush em
2007, de US$ 245 bilhões.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Direitos homossexuais: Bento 16 critica violação à "lei natural" em projeto britânico Próximo Texto: Casa Branca minimiza ameaça chinesa de revide Índice
|