São Paulo, terça-feira, 02 de fevereiro de 2010

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Defesa terá gasto recorde e novo foco nos EUA

Revisão quadrienal desloca prioridade das guerras tradicionais para a capacidade de lidar com conflitos localizados simultâneos

Mudança favorece conflitos no Iraque e Afeganistão; Robert Gates pede US$ 708 bi para o ano fiscal de 2011, após US$ 664 bi para 2010

DA REDAÇÃO

Em um relatório vital sobre defesa, os EUA indicaram ontem que pretendem alterar formalmente a prioridade de preparação de suas Forças Armadas da aptidão de lutar duas grandes guerras convencionais ao mesmo tempo para a capacidade de lidar com uma série de conflitos localizados simultâneos. A mudança chega enquanto o Pentágono solicita um recorde de US$ 708 bilhões para o ano fiscal de 2011.
No relatório da Revisão Quadrienal de Defesa que o Pentágono entregou ontem ao Congresso, o novo "mantra" dos responsáveis pelo planejamento será substituir a preparação para os combates tradicionais -estratégia defendida há ao menos 25 anos- pela proteção de interesses americanos ao redor do mundo contra novas ameaças, que vão de insurgência a ataques cibernéticos.
O texto é substancialmente diferente da revisão anterior, de 2006, que ainda era focada em guerras convencionais de grandes proporções contra países como a China e a Coreia do Norte. Mas os ventos de mudança não são inéditos: meses após a posse do presidente Barack Obama em 2009, o secretário da Defesa, Robert Gates, anunciara uma ampla reformulação no orçamento do Pentágono, com cortes em muitos sistemas de armas tradicionais e bilhões de dólares adicionais em verbas para novas tecnologias de combate a insurgências no Iraque e no Afeganistão.
"Esse é realmente um relatório de um tempo de guerra", afirmou Gates. "Pela primeira vez, colocamos no topo das prioridades de orçamento os conflitos atuais."
O relatório também pede reforma em contratos de defesa e compra de equipamentos. Em entrevista coletiva, Gates deu início a essa reforma ao substituir o responsável pelo maior programa de armas do governo -do caça F-35- e suspender US$ 614 milhões em uma compra acertada com a empresa Lockheed Martin.
A suposta ameaça da China, porém, não sumiu: o texto cita seus programas de modernização militar, dos quais pouco se sabe. Mas o relatório é mais duro contra Irã e Coreia do Norte -vê com "preocupação" a "ambição nuclear e a atitude confrontacional" de ambos.
O Brasil ganhou menção. O relatório diz que os EUA "continuam comprometidos com a criação de uma parceria forte com o Brasil -segunda economia do hemisfério- para todos os assuntos regionais e de segurança global".
Os fundos solicitados também refletem as prioridades: o Pentágono foi um dos vencedores do Orçamento de Obama para o ano. Dos US$ 708 bilhões para o ano fiscal de 2011, 21% -US$ 159 bilhões- serão destinados apenas a operações no exterior, principalmente no Afeganistão e no Iraque, enquanto US$ 549 bilhões são de verba discricionária para programas variados (aumento de 3,4% em fundos-base).
Para os próximos 18 meses, Obama quer destinar US$ 192 bilhões aos dois conflitos, que desde 2001 já consumiram, combinados, mais de US$ 1 trilhão. O valor perde, porém, do pedido por George W. Bush em 2007, de US$ 245 bilhões.


Com agências internacionais


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