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CRISE NO CARIBE
Soldados dos EUA e da França consolidam suas posições no país; força internacional terá 5.000 homens
Capital haitiana recebe rebeldes com festa
DA REDAÇÃO
Saudado nas ruas por milhares
de pessoas, um comboio com os
líderes rebeldes haitianos chegou
ontem a Porto Príncipe, 25 dias
após o início do levante que culminou na queda do presidente
Jean-Bertrand Aristide anteontem. O avanço rebelde ocorreu no
mesmo dia em que as forças internacionais consolidaram suas posições na capital haitiana.
Enquanto o grupo de cerca de
70 pessoas liderado pelos rebeldes
Guy Philippe e Louis-Jodel
Chamblain assumiu o controle do
centro de operações da polícia
haitiana, cerca de 200 fuzileiros
navais dos EUA, cem soldados
franceses e 50 do Canadá montaram suas bases no aeroporto e
isolaram o palácio presidencial,
no início da missão para restaurar
a ordem no país.
Em Washington, o secretário da
Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, anunciou que o contingente
militar internacional no Haiti
chegará a 5.000 nos próximos dias
-desse total, até 2.000 serão
americanos. A França também já
tem mais legionários a caminho
de Porto Príncipe, e o Chile promete enviar 120 soldados até amanhã. O Brasil não enviará soldados agora.
A ONU informou que mandará
ainda nesta semana ao Haiti uma
"equipe de avaliação", segundo o
porta-voz Fred Eckhard, para definir melhor a estratégia de atuação da força internacional.
Antes de tomar o QG da polícia,
os rebeldes desfilaram ao redor
do palácio presidencial, seguidos
por moradores, que cantavam,
dançavam e gritavam "Liberdade!" e "Vida longa ao Haiti!".
Phillipe, ex-chefe de polícia e
suspeito de envolvimento com
tráfico de cocaína e atrocidades,
reafirmou ontem o plano de depor armas e apoiar Boniface Alexandre, presidente da Suprema
Corte que assumiu a Presidência
provisoriamente anteontem após
a saída de Aristide, como manda a
Constituição do país.
Apesar de alguns saques no norte da capital e da quase completa
destruição da antiga residência
oficial de Aristide, Porto Príncipe
viveu um dia menos caótico ontem, já que os partidários do ex-presidente fugiram. Na véspera,
eles haviam saída às ruas, armados e, em alguns casos, disparando contra a população. Desde o
seu início, no mês passado, o conflito fez cerca de cem mortos.
Novo governo
O governo americano discutia
ontem os termos de um plano para criar um "conselho de anciãos", comissão tripartite que seria responsável por desarmar os
rebeldes e organizar eleições.
"A comissão terá representantes da oposição, do atual governo
e da comunidade internacional",
disse um funcionário do Departamento de Estado.
A intenção de Washington é
que Boniface Alexandre, o premiê
haitiano e aliado de Aristide,
Yvon Neptune, e um representante da Caricom, o bloco de nações
do Caribe, montem a comissão,
selecionando um "grupo de haitianos eminentes". Os EUA vetam
a presença nesse futuro governo
dos líderes rebeldes. Louis-Jodel
Chamblain atuou em uma organização terrorista nos anos 90.
Em Roma, o Programa Mundial
de Alimentação cortou seu envio
regular de suprimentos ao Haiti
devido à instabilidade política.
Com agências internacionais
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