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ELEIÇÃO NOS EUA
Senador é o grande favorito na "superterça", com prévias em dez Estados, mas Edwards ainda resiste
Kerry espera confirmar candidatura hoje
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
O pré-candidato John Kerry e o
Partido Democrata esperam concluir hoje o processo de escolha
do adversário do presidente republicano George W. Bush nas eleições de novembro próximo.
O objetivo é unificar o partido
para enfrentar desde já a campanha de Bush. Os republicanos começarão a veicular uma série de
anúncios contra os democratas e
a favor de Bush já nesta semana.
Dez Estados norte-americanos
votam hoje na chamada "superterça" para designar, em um único dia, 1.151 delegados que vão escolher oficialmente o candidato
do partido na Convenção Nacional Democrata, em julho.
Ontem, Kerry liderava com folga as últimas pesquisas na maioria dos Estados, inclusive na Califórnia e em Nova York. Juntos, os
dois Estados representam mais da
metade dos 1.151 delegados em jogo nas prévias de hoje.
O único adversário ainda com
pequena chance na disputa, o senador John Edwards (Carolina do
Norte), dizia esperar uma vitória
em ao menos três Estados (Geórgia, Ohio e Minnesota).
Previsões bastante conservadoras, no entanto, estimam que
Kerry terminará o dia com pelo
menos 1.500 dos 2.161 delegados
necessários para ganhar a indicação para desafiar Bush.
Até agora, Kerry, senador por
Massachusetts há 19 anos, tem
754 delegados acumulados nas
várias rodadas de prévias eleitorais iniciadas em janeiro. Edwards tem 220. Um bom desempenho de Kerry na "superterça"
fará também com que a maioria
dos 802 "superdelegados" do Partido Democrata ratifiquem até
sexta o apoio à sua candidatura.
Os chamados "superdelegados"
são figuras proeminentes do partido ou com cargo eletivo que têm
direito de voto na convenção.
Hoje Kerry já teria ao menos 164
"superdelegados", contra 29 favoráveis a Edwards.
Se as pesquisas estiverem corretas, a candidatura de Edwards poderá ficar insustentável até o final
da semana. E o senador poderá
ser levado a desistir logo, especialmente se quiser levar adiante a hipótese de aparecer como vice.
Mesmo na Geórgia, onde Edwards diz ter chances de vencer,
Kerry liderava ontem com vantagem de 20 pontos percentuais, segundo pesquisas de jornais locais.
O maior temor da cúpula democrata é que, mesmo após uma
derrota hoje, Edwards insista em
manter o que já foi batizado como
"campanha fútil" ao menos até o
dia 9, quando quatro Estados do
sul dos EUA fazem suas prévias.
Campanha cara
Caso isso ocorra, os democratas
terão de começar a enfrentar já a
partir de quinta o fogo cruzado da
campanha de Bush sem ter definido o nome de seu candidato e em
meio a uma cara disputa interna.
Ontem, por exemplo, Kerry ainda teve de gastar dinheiro em viagens e anúncios de TV nos Estados onde Edwards dizia ter chances. Ao mesmo tempo, o senador
consumiu recursos para se preparar para campanhas na Flórida,
no Texas, em Louisiana e no Mississipi, que votam no dia 9.
Na visão do partido, uma definição em torno Kerry já pouparia
tempo e dinheiro que estaria sendo melhor empregado se utilizado diretamente apenas contra o
adversário Bush.
Por onde passa, Kerry tem procurado concentrar seus ataques
em Bush na dupla tentativa de se
distanciar ainda mais de Edwards
e gastar o máximo de sua munição contra o presidente. Mas, invariavelmente, sofre ataques diários de Edwards.
Enquanto o presidente republicano dispõe de mais de US$ 130
milhões para a sua campanha, os
democratas deverão partir de um
patamar muito menor na fase seguinte à escolha do candidato.
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