São Paulo, terça-feira, 02 de março de 2004

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ELEIÇÃO NOS EUA

Senador é o grande favorito na "superterça", com prévias em dez Estados, mas Edwards ainda resiste

Kerry espera confirmar candidatura hoje

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

O pré-candidato John Kerry e o Partido Democrata esperam concluir hoje o processo de escolha do adversário do presidente republicano George W. Bush nas eleições de novembro próximo.
O objetivo é unificar o partido para enfrentar desde já a campanha de Bush. Os republicanos começarão a veicular uma série de anúncios contra os democratas e a favor de Bush já nesta semana.
Dez Estados norte-americanos votam hoje na chamada "superterça" para designar, em um único dia, 1.151 delegados que vão escolher oficialmente o candidato do partido na Convenção Nacional Democrata, em julho.
Ontem, Kerry liderava com folga as últimas pesquisas na maioria dos Estados, inclusive na Califórnia e em Nova York. Juntos, os dois Estados representam mais da metade dos 1.151 delegados em jogo nas prévias de hoje.
O único adversário ainda com pequena chance na disputa, o senador John Edwards (Carolina do Norte), dizia esperar uma vitória em ao menos três Estados (Geórgia, Ohio e Minnesota).
Previsões bastante conservadoras, no entanto, estimam que Kerry terminará o dia com pelo menos 1.500 dos 2.161 delegados necessários para ganhar a indicação para desafiar Bush.
Até agora, Kerry, senador por Massachusetts há 19 anos, tem 754 delegados acumulados nas várias rodadas de prévias eleitorais iniciadas em janeiro. Edwards tem 220. Um bom desempenho de Kerry na "superterça" fará também com que a maioria dos 802 "superdelegados" do Partido Democrata ratifiquem até sexta o apoio à sua candidatura.
Os chamados "superdelegados" são figuras proeminentes do partido ou com cargo eletivo que têm direito de voto na convenção.
Hoje Kerry já teria ao menos 164 "superdelegados", contra 29 favoráveis a Edwards.
Se as pesquisas estiverem corretas, a candidatura de Edwards poderá ficar insustentável até o final da semana. E o senador poderá ser levado a desistir logo, especialmente se quiser levar adiante a hipótese de aparecer como vice.
Mesmo na Geórgia, onde Edwards diz ter chances de vencer, Kerry liderava ontem com vantagem de 20 pontos percentuais, segundo pesquisas de jornais locais.
O maior temor da cúpula democrata é que, mesmo após uma derrota hoje, Edwards insista em manter o que já foi batizado como "campanha fútil" ao menos até o dia 9, quando quatro Estados do sul dos EUA fazem suas prévias.

Campanha cara
Caso isso ocorra, os democratas terão de começar a enfrentar já a partir de quinta o fogo cruzado da campanha de Bush sem ter definido o nome de seu candidato e em meio a uma cara disputa interna.
Ontem, por exemplo, Kerry ainda teve de gastar dinheiro em viagens e anúncios de TV nos Estados onde Edwards dizia ter chances. Ao mesmo tempo, o senador consumiu recursos para se preparar para campanhas na Flórida, no Texas, em Louisiana e no Mississipi, que votam no dia 9.
Na visão do partido, uma definição em torno Kerry já pouparia tempo e dinheiro que estaria sendo melhor empregado se utilizado diretamente apenas contra o adversário Bush.
Por onde passa, Kerry tem procurado concentrar seus ataques em Bush na dupla tentativa de se distanciar ainda mais de Edwards e gastar o máximo de sua munição contra o presidente. Mas, invariavelmente, sofre ataques diários de Edwards.
Enquanto o presidente republicano dispõe de mais de US$ 130 milhões para a sua campanha, os democratas deverão partir de um patamar muito menor na fase seguinte à escolha do candidato.


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