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ORIENTE MÉDIO
"Programa que contamina a moral", segundo críticos islâmicos, tinha participantes de 12 países da região
Protestos tiram "Big Brother" árabe do ar
DA REDAÇÃO
O canal de TV árabe por satélite
MBC suspendeu ontem a versão
árabe do programa "Big Brother"
devido aos protestos que estavam
sendo feitos contra a produção no
Bahrein. Desde sua estréia, no último dia 22, parlamentares e telespectadores do país do golfo Pérsico pediam o cancelamento por
considerarem o programa indecoroso e ofensivo ao islã.
Na sexta-feira passada, cerca de
mil pessoas fizeram um protesto
contra o programa aos gritos de:
"Parem o "Sin [pecado] Brother".
Não à indecência".
No Parlamento, deputados
ameaçaram convocar o ministro
da Informação para prestar esclarecimentos. "Somos um país islâmico, com nossas próprias tradições. Esse programa contamina a
moral de nossas crianças", disse o
parlamentar Jasim al Saeedi.
"Essa decisão quer evitar que a
MBC e seus programas sejam
acusados de ofender valores, costumes e moral árabes", declarou
em nota oficial a emissora de propriedade do xeque Walid al Ibrahim, cunhado do rei Fahd, da
Arábia Saudita. No entanto há informações contraditórias sobre se
o canal MBC resolveu cancelar
em definitivo o programa. Uma
porta-voz da emissora declarou à
rede britânica BBC que dificilmente o "Big Brother" voltará. Já
à agência de notícias Reuters, um
funcionário da TV afirmou que
ele poderia regressar à programação depois que a produção fosse
transferida para outro país.
"Fiel à realidade"
Em seu comunicado, a MBC,
que tem sede em Dubai (Emirados Árabes Unidos), faz a defesa
do formato do programa. "Esse tipo de show não constitui desafio
ou problema social maior do que
a maioria dos filmes e séries. Na
verdade, é mais fiel à realidade do
que filmes e novelas."
O "Big Brother" estreou em
1999 na Holanda, com enorme sucesso. Já teve mais de 70 versões
produzidas em 24 países -sendo
transmitido para um público potencial de cerca de 2 bilhões de telespectadores, segundo a Endemol, detentora dos direitos sobre
a atração. No programa, os participantes são confinados em um
local fechado e têm a sua vida monitorada 24 horas por dia por câmeras de TV.
Intitulada "Al Rais" (o chefe), a
versão árabe do "Big Brother"
proibia homens e mulheres de entrar nos quartos uns dos outros
-ao contrário de todas as outras
produções anteriores. Outras mudanças introduzidas visando
agradar aos mais conservadores
foram a criação de um recinto para orações e um salão exclusivo
para as mulheres.
Os 12 concorrentes eram de 12
diferentes países do Oriente Médio. No primeiro dia de exibição
do programa, apenas uma das
seis mulheres vestia o "abaya"
(tradicional manto negro).
Sem ter a mesma oposição que
o "Big Brother", foi encerrada ontem a transmissão do primeiro
"reality show" exibido pela TV
árabe. O "Al Hawa Sawa" (juntos
no ar), uma espécie de "Namoro
na TV", colocou oito mulheres
em contato com possíveis noivos
em Beirute (Líbano). Também
exibido pela MBC, o programa
terminou sem conseguir promover nenhum casamento.
Com agências internacionais
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