São Paulo, terça-feira, 02 de março de 2004

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CRISE

Saída seria temporária; oposição faz novos protestos

Centro Carter suspende mediação sobre referendo na Venezuela

DA REDAÇÃO

O Centro Carter suspendeu temporariamente a sua mediação nas negociações em torno do referendo que a oposição da Venezuela tenta aprovar para tentar derrubar o presidente do país, Hugo Chávez.
O instituto -ligado ao ex-presidente dos EUA e Nobel da Paz Jimmy Carter- é, ao lado da OEA (Organização dos Estados Americanos), o principal observador internacional do processo de convocação de referendo na Venezuela e se mostra impaciente há algum tempo com as dificuldades para conseguir uma conciliação entre a oposição e o governo.
A decisão de suspender a mediação foi tomada após declaração de Sobella Mejías, um dos cinco integrantes do CNE (Conselho Nacional Eleitoral) -que têm de tomar a decisão sobre a validade de cerca de 3,4 milhões de assinaturas que a oposição recolheu para convocar o referendo.
Mejías -um dos dois juízes com visão próxima à dos opositores- disse que não poderia compactuar com um ato que obriga parte dos signatários do pedido de referendo a ratificar a sua assinatura.
A expectativa é que o CNE -que tem três membros com posições mais próximas às do governo, entre eles o presidente do órgão, Francisco Carrasquero- rejeite 400 mil das 3,4 milhões de assinaturas e exija a confirmação de 700 mil, o que impediria que os opositores atingissem o número mínimo de 2,4 milhões de assinaturas para convocar o referendo.
O CNE prometia divulgar os números oficiais ainda ontem, um dia depois do previsto.
"O Centro Carter optou por se retirar", disse Carrasquero, acrescentando que a decisão foi tomada após as declarações de Mejías.
Jennifer McCoy e Francisco Diez, representantes do Centro Carter na Venezuela, explicaram mais tarde que o instituto não se retirará do país, apenas suspenderá temporariamente a sua participação nas negociações.
"Estamos aqui para esclarecer que a missão do Centro Carter permanece na Venezuela", disse McCoy, que admitiu que viajará para Atlanta (EUA), onde reside, enquanto Diez deve seguir para a Argentina, em um claro sinal de que o instituto observador está reduzindo o seu papel na mediação.
Diez confirmou a versão de Carrasquero, afirmando que as declarações de Mejías acabaram "atrasando o diálogo". McCoy afirmou que, após o CNE se pronunciar sobre o modo como será feita a confirmação das assinaturas, o Centro Carter e a OEA formularão uma declaração conjunta.
Opositores radicais (do Bloco Democrático), que sempre duvidaram da capacidade do CNE de convocar um referendo, decidiram intensificar os atos anti-Chávez. Caracas viveu ontem o quarto dia de choques entre opositores e simpatizantes do governo.
Autoridades americanas classificaram de um "atrevimento" uma declaração de Chávez feita anteontem. Ele xingou o presidente americano, George W. Bush, de "idiota" -entre outras afirmações anti-EUA.


Com agências internacionais


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