DA REUTERS

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, indicou ontem Mikhail Fradkov, 53, ex-ministro do Comércio, ex-representante do país na União Européia e ex-chefe da Polícia Fiscal, para o posto de premiê, numa medida que surpreendeu a população e analistas.
De acordo com Frederick Starr, da Universidade Johns Hopkins (EUA), a decisão do presidente teve duas razões. "Primeiro, embora se especulasse que Putin pudesse escolher seu "herdeiro político", ele preferiu optar por alguém que não lhe fará sombra. Conhecendo a personalidade do presidente russo, não se pode dizer que isso seja uma surpresa", explicou Starr à Folha.
"Segundo, apesar de uma substancial melhora da economia russa nos últimos dois anos, ela ainda precisa de um tratamento de choque -com a diminuição do papel do Estado em setores delicados, como a educação e a seguridade social. Ora, Putin pode ter escolhido um bom bode expiatório para assumir o peso das impopulares reformas. Ademais, Fradkov era chefe da Polícia Fiscal, o que significa que a cruzada contra os "oligarcas" ganhará mais força."
O burocrata de carreira chefiou a Polícia Fiscal até março, quando a força foi desativada. Desde então, era representante da Rússia na UE. Assim, Putin também pode ter em mente a necessidade de obter investimentos externos.
Acredita-se que Putin tenha resolvido fazer a mudança no governo três semanas antes da eleição presidencial para dar mais visão à campanha, que vem sendo morna. Afinal, se 50% dos eleitores não forem às urnas, o pleito, que ocorrerá em 14 de março, não será válido. Putin deverá obter a reeleição com facilidade.