São Paulo, quarta-feira, 02 de março de 2005

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IRAQUE SOB TUTELA

Juiz de tribunal de Saddam é assassinado

Em vídeo, jornalista francesa implora ajuda após dois meses

DA REDAÇÃO

Um vídeo com menos de um minuto de duração divulgado ontem quebrou o silêncio de quase dois meses. A jornalista francesa Florence Aubenas, 43, seqüestrada dia 5 de janeiro no Iraque junto com seu guia iraquiano, Hussein Hanoun, aparece viva, ainda que muito abatida.
A fita contendo a mensagem de Aubenas -a primeira desde seu desaparecimento- ainda não teve autenticidade confirmada. Tampouco é possível dizer quando as imagens foram gravadas.
Sentada no chão, com os joelhos junto ao peito e cabelos no rosto, muito mais magra e bastante abatida, a jornalista fez seu dramático apelo: "Meu nome é Florence Aubenas. Sou francesa. Sou jornalista do [diário francês] "Libération". Por favor, me ajudem. Minha saúde está muito ruim. Meu estado psicológico também é muito ruim. Por favor, agora é urgente. Ajudem-me. Peço especialmente ao senhor Didier Julia, deputado francês. Por favor, senhor Julia, me ajude, é urgente." A fita termina com um zoom em seu rosto.
O texto, falado em inglês, parece ter sido ditado e não faz referência a Hussein Hanoun. Não se fala em reivindicações ou autores da ação.
Em 2004, o deputado Didier Julia, do partido UMP, o mesmo do presidente Jacques Chirac, realizou uma missão solitária para tentar libertar dois jornalistas -Christian Chesnot e Georges Malbrunot-, soltos em dezembro após quatro meses no cativeiro. Jornalistas e políticos o acusam de ter colocado em risco a vida dos dois. Aconselhado a não interferir desta vez, ele apenas se colocou à disposição.
O governo informou que, na quinta-feira passada, recebera uma outra fita da jornalista. Esse vídeo, no qual ela dizia nome, data de nascimento e pedia ajuda, foi mostrado apenas a familiares. "É um sinal de que eles estão vivos, claro, mas também temos medo porque os reféns são mantidos em tais condições que as imagens são horríveis de ver", disse o editor de notícias internacionais do jornal, François Sergent
Além de Aubenas, outra jornalista é refém no país: a italiana Giuliana Sgrena, do jornal de esquerda "Il Manifesto", foi levada no mês passado em Bagdá. O engenheiro brasileiro João José de Vasconcellos Jr. está desaparecido desde o dia 19 de janeiro.
Ontem, um grupo ligado à Al Qaeda assumiu o atentado suicida com carro-bomba que ocorreu anteontem em Hilla, deixando mais de 125 mortos. Segundo mensagem divulgada na internet, o ataque mais mortífero desde a queda de Saddam Hussein, em abril de 2003, foi feito pela Organização Al Qaeda pela Guerra Santa no Iraque, grupo do terrorista jordaniano Abu Musab al Zarqawi. Anteontem, um funcionário do governo dos EUA disse que Osama bin Laden, o líder da Al Qaeda, pedira a Al Zarqawi que atacasse alvos situados nos EUA.
O premiê Iyad Allawi determinou hoje dia de luto nacional e prometeu dar US$ 1.000 às famílias das vítimas, que ainda tentam identificar os corpos de parentes.
Em Bagdá, um major da Guarda Nacional Iraquiana foi morto na explosão de uma bomba. Dois corpos foram achados boiando no rio Tigre, na Província de Wasit, e dois marines morreram em um acidente de carro em Beiji.
A Ucrânia decidiu retirar seus 1.650 soldados do Iraque a partir de 15 de março, até outubro. Ao tomar posse em janeiro, o presidente Viktor Yushchenko anunciara a intenção deixar o Iraque.

Assassinato
Citando fontes do Ministério do Interior iraquiano, o "New York Times" afirmou que um juiz do tribunal especial que julgará Saddam Hussein, Parwiz Muhammad Mahmoud al Merani, foi assassinado por homens armados diante de sua casa, em Bagdá. Seu filho, Ayran Mahmoud al Merani, que trabalhou no tribunal como advogado, também foi morto.


Com agências internacionais


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