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IRAQUE SOB TUTELA
Juiz de tribunal de Saddam é assassinado
Em vídeo, jornalista francesa implora ajuda após dois meses
DA REDAÇÃO
Um vídeo com menos de um
minuto de duração divulgado ontem quebrou o silêncio de quase
dois meses. A jornalista francesa
Florence Aubenas, 43, seqüestrada dia 5 de janeiro no Iraque junto
com seu guia iraquiano, Hussein
Hanoun, aparece viva, ainda que
muito abatida.
A fita contendo a mensagem de
Aubenas -a primeira desde seu
desaparecimento- ainda não teve autenticidade confirmada.
Tampouco é possível dizer quando as imagens foram gravadas.
Sentada no chão, com os joelhos
junto ao peito e cabelos no rosto,
muito mais magra e bastante abatida, a jornalista fez seu dramático
apelo: "Meu nome é Florence Aubenas. Sou francesa. Sou jornalista do [diário francês] "Libération".
Por favor, me ajudem. Minha saúde está muito ruim. Meu estado
psicológico também é muito
ruim. Por favor, agora é urgente.
Ajudem-me. Peço especialmente
ao senhor Didier Julia, deputado
francês. Por favor, senhor Julia,
me ajude, é urgente." A fita termina com um zoom em seu rosto.
O texto, falado em inglês, parece
ter sido ditado e não faz referência
a Hussein Hanoun. Não se fala em
reivindicações ou autores da ação.
Em 2004, o deputado Didier Julia, do partido UMP, o mesmo do
presidente Jacques Chirac, realizou uma missão solitária para
tentar libertar dois jornalistas
-Christian Chesnot e Georges
Malbrunot-, soltos em dezembro após quatro meses no cativeiro. Jornalistas e políticos o acusam de ter colocado em risco a vida dos dois. Aconselhado a não
interferir desta vez, ele apenas se
colocou à disposição.
O governo informou que, na
quinta-feira passada, recebera
uma outra fita da jornalista. Esse
vídeo, no qual ela dizia nome, data de nascimento e pedia ajuda,
foi mostrado apenas a familiares.
"É um sinal de que eles estão vivos, claro, mas também temos
medo porque os reféns são mantidos em tais condições que as imagens são horríveis de ver", disse o
editor de notícias internacionais
do jornal, François Sergent
Além de Aubenas, outra jornalista é refém no país: a italiana
Giuliana Sgrena, do jornal de esquerda "Il Manifesto", foi levada
no mês passado em Bagdá. O engenheiro brasileiro João José de
Vasconcellos Jr. está desaparecido desde o dia 19 de janeiro.
Ontem, um grupo ligado à Al
Qaeda assumiu o atentado suicida com carro-bomba que ocorreu
anteontem em Hilla, deixando
mais de 125 mortos. Segundo
mensagem divulgada na internet,
o ataque mais mortífero desde a
queda de Saddam Hussein, em
abril de 2003, foi feito pela Organização Al Qaeda pela Guerra
Santa no Iraque, grupo do terrorista jordaniano Abu Musab al
Zarqawi. Anteontem, um funcionário do governo dos EUA disse
que Osama bin Laden, o líder da
Al Qaeda, pedira a Al Zarqawi que
atacasse alvos situados nos EUA.
O premiê Iyad Allawi determinou hoje dia de luto nacional e
prometeu dar US$ 1.000 às famílias das vítimas, que ainda tentam
identificar os corpos de parentes.
Em Bagdá, um major da Guarda
Nacional Iraquiana foi morto na
explosão de uma bomba. Dois
corpos foram achados boiando
no rio Tigre, na Província de Wasit, e dois marines morreram em
um acidente de carro em Beiji.
A Ucrânia decidiu retirar seus
1.650 soldados do Iraque a partir
de 15 de março, até outubro. Ao
tomar posse em janeiro, o presidente Viktor Yushchenko anunciara a intenção deixar o Iraque.
Assassinato
Citando fontes do Ministério do
Interior iraquiano, o "New York
Times" afirmou que um juiz do
tribunal especial que julgará Saddam Hussein, Parwiz Muhammad Mahmoud al Merani, foi assassinado por homens armados
diante de sua casa, em Bagdá. Seu
filho, Ayran Mahmoud al Merani,
que trabalhou no tribunal como
advogado, também foi morto.
Com agências internacionais
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