São Paulo, quarta-feira, 02 de março de 2005

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ORIENTE MÉDIO

Ditador Assad dá declaração em meio a movimento opositor libanês que pede fim da presença das forças sírias

Síria prevê retirada nos próximos meses

DA REDAÇÃO

Um dia depois da renúncia do governo pró-Damasco em Beirute, o ditador sírio, Bashar al Assad, disse que pretende retirar nos próximos meses os cerca de 14 mil soldados que mantém no Líbano.
A afirmação, feita em entrevista à revista americana "Time", ocorre em meio à crescente pressão interna no Líbano e de outros países, especialmente dos EUA, para que a Síria encerre a sua ocupação militar do território libanês e coloque um fim ao controle que exerce sobre a política do país.
Os opositores libaneses continuaram nas ruas ontem pedindo a saída da Síria e a renúncia do presidente Emile Lahoud, ligado a Damasco. O sucessor do ex-premiê Omar Karami ainda não foi escolhido pelo presidente.
"A retirada pode ocorrer em breve, talvez nos próximos meses. Não depois disso. Não posso dar uma resposta exata. A minha opinião é de que ocorra nos próximos meses", afirmou Assad.
"Não posso dizer que a saída ocorrerá em dois meses porque ainda não me reuni com o Exército. Talvez eles digam que é preciso seis meses para organizar a retirada", disse Assad.
O ditador sírio acrescentou que a segurança na fronteira da Síria com o Líbano deve ser levada em consideração durante a remoção dos militares.
A pressão para a retirada síria começou após o atentado que matou o premiê Rafik Hariri (1992-98 e 2000-04) no dia 14 do mês passado. Opositores libaneses, amparados não-oficialmente pelos EUA e pela França, acusam a Síria e o governo libanês de estarem por trás do ataque. Damasco nega envolvimento na ação.
A secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, pediu que os sírios saiam do Líbano e que eleições democráticas sejam realizadas no país. "Os sírios deveriam saber as suas responsabilidades internacionais", disse.
Os senadores também não ficaram satisfeitos com a declaração de Assad e pediram uma saída imediata. "A comunidade internacional insistirá para uma aceleração da retirada", disse o republicano Richard Lugar, presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado. Joseph Biden, que é o líder democrata na comissão, acrescentou: "Eles [os sírios] precisam sair [do Líbano]".
O Departamento de Estado denominou de "Revolução dos Cedros" o movimento opositor no Líbano que já conseguiu a renúncia do premiê Omar Karami e de todo o seu gabinete.


Com agências internacionais


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