São Paulo, segunda-feira, 02 de abril de 2001

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Filha dispara tiros e sofre "colapso emocional" após a detenção do pai

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Tiros disparados por Marija Milosevic, 36, filha mais velha do ex-ditador iugoslavo Slobodan Milosevic, marcaram o final das 36 horas de impasse em sua casa em Belgrado.
O ministro do Interior sérvio, Dusan Mihajlovic, disse que Marija, que passou as 36 horas em casa com os pais e seguranças armados, começou a atirar após a rendição, "sofrendo de um colapso emocional momentâneo".
A TV BK afirmou que ela correu para fora da casa gritando para que seu pai não se entregasse. Depois fez os disparos, que atingiram o carro de Cedomir Jovanovic, líder da coalizão governista no Parlamento e principal mediador do impasse.
Foi pelo menos o segundo tiroteio ocorrido na casa desde a primeira tentativa de invasão da polícia, na sexta-feira, repelida à bala pelos seguranças de Milosevic.
Os tiros de Marija não feriram ninguém, mas dois policiais e um fotógrafo foram atingidos nos tiroteios anteriores entre a polícia e a guarda pessoal de Milosevic. Várias pessoas ficaram levemente feridas quando grupos de simpatizantes e oponentes de Milosevic se enfrentaram perto da casa.
Foi um saldo positivo ao final de uma crise durante a qual se falou em uma intervenção de setores do Exército a favor do ex-ditador e do pesado armamento que Milosevic e sua guarda pessoal mantinham dentro de casa. O próprio Milosevic chegou a dizer que não se entregaria vivo. "Sinceramente, não esperava um final pacífico", disse Goran Vesic, vice-ministro do Interior da Iugoslávia.
Segundo o Ministério do Interior, várias pessoas que estavam na casa foram presas após Milosevic ser levado para a prisão central de Belgrado. O governo federal disse que irá levar a julgamento as pessoas que atiraram na polícia na sexta-feira.
Sinisa Vucinic, alto funcionário do Partido da Esquerda da Iugoslávia, da mulher de Milosevic, Mirjanana Markovic, tentou escapar da casa e resistiu à ação dos policiais antes de ser detido.
Segundo Branislav Ivkovic, vice-presidente do Partido Socialista da Sérvia (de Milosevic), o ex-ditador resistiu à ordem judicial de prisão por achar que, "como presidente eleito da Iugoslávia e da Sérvia por três vezes, tinha o direito de reivindicar ser ouvido em sua casa".
O outro filho de Milosevic, Marko, acusado de enriquecimento ilícito e ligação com máfias, deixou o país após a queda do pai, em outubro. Acredita-se que esteja na Rússia ou num país báltico.


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