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São Paulo, quarta-feira, 02 de abril de 2003

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ATAQUE DO IMPÉRIO

13º DIA

Duelo com divisão de elite da Guarda Republicana poderia marcar a ofensiva final contra a capital

EUA iniciam grande batalha contra as defesas de Bagdá

DA REDAÇÃO

Depois de romperem o cerco montado pelo Iraque destinado a evitar o acesso a Bagdá, as forças norte-americanas deram início ontem, em Karbala (80 km a sudoeste de Bagdá), a um confronto que poderia marcar a ofensiva final contra a capital iraquiana.
De acordo com a Associated Press, ao final de horas de bombardeios aéreos, os americanos travavam nos arredores da cidade combates com a Divisão Medina da Guarda Republicana, o grupo mais bem preparado e equipado da forças iraquianas. Até o fechamento desta edição, não havia informações sobre baixas.
A imprensa britânica, citando fontes do comando militar do Reino Unido, disse que a ofensiva terrestre contra Bagdá pode começar em 48 horas.
Karbala é uma das cidades sagradas dos muçulmanos xiitas. Eventuais danos causados pelos bombardeios e investidas da coalizão devem piorar a incipiente animosidade entre os invasores e a população iraquiana.
"Essa é a grande batalha", disse um oficial norte-americano ao comentar o confronto com as divisões da Guarda Republicana.
Antes do enfrentamento em Karbala, os EUA conduziram ataques com mísseis Tomahawk contra posições da Divisão Medina nas cidades localizadas nas vias de acesso a Bagdá. O objetivo dos ataques seria justamente "limpar" as rotas para a passagem das unidades que atacariam a capital.
O general Tommy Franks, comandante das operações no golfo Pérsico, havia afirmado na tarde de ontem que a Divisão Medina perdera mais da metade de seu contingente depois dos intensos bombardeios e dos combates em terra com a coalizão (como o travado anteontem em Hindyia).
Segundo os EUA, duas outras divisões da Guarda, a Adnan e a Nabucodonosor, teriam se movido nos últimos dias para o sul de Bagdá, aparentemente para reforçar as defesas contra os invasores.
Um das metas dos americanos, externada pelo chefe do Estado Maior, general Richard Myers, era eliminar a Guarda Republicana antes de iniciar a ofensiva contra a capital iraquiana.
Pelo menos 75 soldados iraquianos morreram e outros 44, incluindo membros da Guarda Republicana, foram feitos prisioneiros em enfrentamentos nos subúrbios de Diwaniyah.
Uma faixa entre Diwaniyah e Kut (a nordeste) foi alvo de intenso bombardeio, no que o serviço de inteligência dos EUA chamou de "operação de limpeza". Os marines teriam, segundo a Associated Press, tomado uma base aérea em Qalat Sukkar, ao sul de Kut, que serviria para desembarque de soldados da coalizão.
O secretário da Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, por sua vez, negou que os EUA estivessem negociando com autoridades iraquianas o fim da guerra.
Durante a mesma coletiva, anunciou que as forças da coalizão estavam posicionadas ao redor da capital pelo norte, sul e oeste. "O círculo está se fechando", disse Rumsfeld.
Na madrugada de hoje (no Iraque), aviões norte-americanos voltaram a bombardear a capital iraquiana. Houve pelo menos seis grandes explosões no chamado complexo presidencial, onde se encontram os prédios da administração central iraquiana.
Também durante a madrugada, os EUA anunciaram o resgate de uma prisioneira de guerra em uma das operações em solo iraquiano. Ela foi identificada como Jessica Lynch, 19, de Palestine, em Virgínia Ocidental.

Mais bombas e soldados
Guerrilheiros curdos informaram que não pretendem atacar Kirkuk (norte) a menos que recebam instruções dos norte-americanos. Kirkuk é a principal zona produtora de petróleo do Iraque. Membros da guerrilha curda deixaram seu território autônomo há dez dias e iniciaram avanço para outras áreas no norte do Iraque.
Fronteiriça à região curda, a Turquia teme que um ataque a Kirkuk incentive uma rebelião entre as população curda que vive em seu território.
Ontem, jatos dos EUA bombardearam posições iraquianas em Kifri, a 100 km de Kirkuk.
A cidade de Basra (extremo sul), cercada por britânicos desde o início da guerra, recebeu novos bombardeios.
Tropas da 4ª Divisão de Infantaria começaram a chegar ontem ao Kuait. Em princípio, a unidade deveria ter sido enviada à Turquia, para participar da abertura de uma "frente norte", mas a negativa do governo turco obrigou os EUA a reverem seu plano.


Com agências internacionais


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