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EUA se contradizem sobre regras
DA REDAÇÃO
As tropas anglo-americanas
não mudaram suas normas de segurança nos postos de controle
no Iraque apesar da morte de civis, segundo informação divulgada ontem pelo general Vincent
Brooks. Mas funcionários do Pentágono dizem o contrário.
"Não tivemos nenhuma alteração de nossas regras de combate
nos últimos dias", declarou
Brooks, no Qatar.
"Nos pontos de controle, fazemos o máximo para conseguir separar as ameaças potenciais dos
civis. Mas haverá momentos em
que os civis estarão no caminho
do perigo", acrescentou Brooks.
Militares americanos mataram
um civil iraquiano ontem, numa
barreira rodoviária no sul do Iraque, horas depois de ao menos
outros sete civis iraquianos terem
sido mortos num caso similar na
região central do país.
Os militares americanos ficaram particularmente preocupados com a situação nesses postos
de controle depois que, no último
sábado, um militar iraquiano cometeu um atentado suicida contra um posto militar situado perto
da cidade de Najaf, na região central do Iraque. Esse atentado provocou a morte de quatro militares
dos EUA e foi o primeiro do gênero no atual conflito.
Brooks afirmou que os dois incidentes nos postos de controle
que causaram a morte de civis iraquianos estão sendo investigados.
Mas ele acusou os soldados iraquianos de colocar civis na linha
de fogo deliberadamente.
"Há uma vigilância elevada por
conta das táticas que têm sido
aplicadas no campo de batalha
pelo regime [iraquiano] e dos esquadrões da morte que estão espalhados pelo país", disse Brooks.
"Sempre mantemos nosso direito inerente à autodefesa. Trata-se do ponto de partida de todas as
nossas regras de combate."
Ele afirmou ainda que, em alguns casos de civis feridos ou
mortos por forças americanas, os
comandantes militares poderiam
ser forçados a pagar uma compensação às famílias das vítimas.
Divergência
Embora a cúpula militar negue
que as regras de combate tenham
mudado, de acordo com o diário
"The Washington Post", novos
procedimentos foram adotados
após o atentado. Motoristas e passageiros que chegam aos postos
de controle são forçados a descer
de seus carros com as mãos levantadas e são revistados.
Além disso, segundo o jornal,
civis que se aproximam dos postos de controle com as mãos nos
bolsos podem ser mortos em caso
de desrespeito às ordens dos militares da coalizão. "Todos são vistos como combatentes até que
provem o contrário", disse um
oficial do Pentágono, que não
quis identificar-se, ao "Post".
A repetição dos incidentes em
postos de controle incomoda bastante o comando militar americano, de acordo com especialistas.
Para eles, além de minar a campanha de relações públicas dos EUA
-que visa atrair a população civil
iraquiana à causa da coalizão-,
os incidentes dão munição aos
detratores da guerra.
Estes também afirmam que as
regras de combate foram alteradas após o atentado suicida. Segundo os críticos, os soldados da
coalizão anglo-americana foram
instruídos a impedir atentados
suicidas a qualquer custo. Washington refuta essa acusação.
O Exército britânico admitiu
que a batalha para atrair a opinião
pública iraquiana só se tornará
mais difícil por causa da morte de
civis em postos de controle da
coalizão anglo-americana, mas
salientou que os soldados têm direito à autodefesa.
Com agências internacionais
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