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São Paulo, quarta-feira, 02 de abril de 2003

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EUA se contradizem sobre regras

DA REDAÇÃO

As tropas anglo-americanas não mudaram suas normas de segurança nos postos de controle no Iraque apesar da morte de civis, segundo informação divulgada ontem pelo general Vincent Brooks. Mas funcionários do Pentágono dizem o contrário.
"Não tivemos nenhuma alteração de nossas regras de combate nos últimos dias", declarou Brooks, no Qatar.
"Nos pontos de controle, fazemos o máximo para conseguir separar as ameaças potenciais dos civis. Mas haverá momentos em que os civis estarão no caminho do perigo", acrescentou Brooks.
Militares americanos mataram um civil iraquiano ontem, numa barreira rodoviária no sul do Iraque, horas depois de ao menos outros sete civis iraquianos terem sido mortos num caso similar na região central do país.
Os militares americanos ficaram particularmente preocupados com a situação nesses postos de controle depois que, no último sábado, um militar iraquiano cometeu um atentado suicida contra um posto militar situado perto da cidade de Najaf, na região central do Iraque. Esse atentado provocou a morte de quatro militares dos EUA e foi o primeiro do gênero no atual conflito.
Brooks afirmou que os dois incidentes nos postos de controle que causaram a morte de civis iraquianos estão sendo investigados. Mas ele acusou os soldados iraquianos de colocar civis na linha de fogo deliberadamente.
"Há uma vigilância elevada por conta das táticas que têm sido aplicadas no campo de batalha pelo regime [iraquiano] e dos esquadrões da morte que estão espalhados pelo país", disse Brooks.
"Sempre mantemos nosso direito inerente à autodefesa. Trata-se do ponto de partida de todas as nossas regras de combate."
Ele afirmou ainda que, em alguns casos de civis feridos ou mortos por forças americanas, os comandantes militares poderiam ser forçados a pagar uma compensação às famílias das vítimas.

Divergência
Embora a cúpula militar negue que as regras de combate tenham mudado, de acordo com o diário "The Washington Post", novos procedimentos foram adotados após o atentado. Motoristas e passageiros que chegam aos postos de controle são forçados a descer de seus carros com as mãos levantadas e são revistados.
Além disso, segundo o jornal, civis que se aproximam dos postos de controle com as mãos nos bolsos podem ser mortos em caso de desrespeito às ordens dos militares da coalizão. "Todos são vistos como combatentes até que provem o contrário", disse um oficial do Pentágono, que não quis identificar-se, ao "Post".
A repetição dos incidentes em postos de controle incomoda bastante o comando militar americano, de acordo com especialistas. Para eles, além de minar a campanha de relações públicas dos EUA -que visa atrair a população civil iraquiana à causa da coalizão-, os incidentes dão munição aos detratores da guerra.
Estes também afirmam que as regras de combate foram alteradas após o atentado suicida. Segundo os críticos, os soldados da coalizão anglo-americana foram instruídos a impedir atentados suicidas a qualquer custo. Washington refuta essa acusação.
O Exército britânico admitiu que a batalha para atrair a opinião pública iraquiana só se tornará mais difícil por causa da morte de civis em postos de controle da coalizão anglo-americana, mas salientou que os soldados têm direito à autodefesa.


Com agências internacionais


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