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Opositor de Saddam
lista "erros" dos EUA
DE WASHINGTON
Aziz Altee, presidente do Iraqi
American Council, órgão que representa a oposição iraquiana que
vive nos EUA, afirma que o Pentágono está ""cometendo um grave
erro" ao empreender a operação
de guerra no Iraque apenas com
os militares.
"Os iraquianos são muito sensíveis a qualquer força invasora",
diz Altee, ex-morador de Bagdá,
onde mantém ainda boa parte de
sua família.
Seu grupo vinha organizando líderes iraquianos dentro e fora do
Iraque para auxiliar os EUA nas
ações de ajuda humanitária e na
reorganização do país. "Havia
uma expectativa nesse sentido.
Não fomos chamados", diz.
Leia entrevista que Altee concedeu ontem à Folha.
(FCz)
Folha - Conhecendo Saddam Hussein e Bagdá, o que podemos esperar da guerra nos próximos dias?
Aziz Altee - O pior cenário, que
está se configurando, é Saddam
querer transformar o conflito em
uma guerra de rua. Ele está planejando exatamente isso. Seus homens estão invadindo dezenas de
casas em cada quarteirão e usando um dos cômodos para abrigar
suas milícias. Crianças são levadas como reféns para que as famílias colaborem.
Tudo o que Saddam quer é o
maior banho de sangue possível.
Sangue o suficiente para que os
iraquianos odeiem os americanos
por um longo tempo e para que a
opinião pública nos vizinhos árabes e dentro dos Estados Unidos
se revolte contra essa guerra.
As forças de coalizão não são estúpidas. Vão primeiro cercar a cidade. Por isso, seria fundamental
termos a oposição a Saddam ao
lado dos americanos. Temos pessoas já dentro de Bagdá. É preciso
que os americanos as usem. Não
seria difícil colocar armas nas
mãos dos que sabem quem são as
forças de Saddam. Os EUA não
seriam vistos como invasores.
Folha - A percepção geral ainda é
essa? De uma invasão?
Altee - Os iraquianos são muito
sensíveis a qualquer força invasora. Os americanos estão enviando
uma série de sinais trocados. Há
muitas mortes de civis, a TV até
há pouco estava emitindo diariamente imagens e discursos de
Saddam. A maioria não tem idéia
dos propósitos dos EUA.
Os americanos deveriam trazer
o mais rápido possível para dentro do país os líderes e iraquianos
exilados. São mais de 4 milhões
em todo o mundo. Poderiam auxiliar no processo de ajuda humanitária nas cidades que já foram libertadas. Para ganhar a confiança
dos iraquianos, é preciso alguém
que fale a mesma língua, que conheça a cultura. Não serão os
5.000 tradutores que estão acompanhando as tropas que vão fazer
esse trabalho.
O Departamento de Estado estava preocupado com essa questão, mas é o Pentágono quem está
cuidando de tudo. É preciso deixar que cada um aja de acordo
com a sua especialização.
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