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São Paulo, quarta-feira, 02 de abril de 2003

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Opositor de Saddam lista "erros" dos EUA

DE WASHINGTON

Aziz Altee, presidente do Iraqi American Council, órgão que representa a oposição iraquiana que vive nos EUA, afirma que o Pentágono está ""cometendo um grave erro" ao empreender a operação de guerra no Iraque apenas com os militares.
"Os iraquianos são muito sensíveis a qualquer força invasora", diz Altee, ex-morador de Bagdá, onde mantém ainda boa parte de sua família.
Seu grupo vinha organizando líderes iraquianos dentro e fora do Iraque para auxiliar os EUA nas ações de ajuda humanitária e na reorganização do país. "Havia uma expectativa nesse sentido. Não fomos chamados", diz.
Leia entrevista que Altee concedeu ontem à Folha. (FCz)
 

Folha - Conhecendo Saddam Hussein e Bagdá, o que podemos esperar da guerra nos próximos dias?
Aziz Altee -
O pior cenário, que está se configurando, é Saddam querer transformar o conflito em uma guerra de rua. Ele está planejando exatamente isso. Seus homens estão invadindo dezenas de casas em cada quarteirão e usando um dos cômodos para abrigar suas milícias. Crianças são levadas como reféns para que as famílias colaborem.
Tudo o que Saddam quer é o maior banho de sangue possível. Sangue o suficiente para que os iraquianos odeiem os americanos por um longo tempo e para que a opinião pública nos vizinhos árabes e dentro dos Estados Unidos se revolte contra essa guerra.
As forças de coalizão não são estúpidas. Vão primeiro cercar a cidade. Por isso, seria fundamental termos a oposição a Saddam ao lado dos americanos. Temos pessoas já dentro de Bagdá. É preciso que os americanos as usem. Não seria difícil colocar armas nas mãos dos que sabem quem são as forças de Saddam. Os EUA não seriam vistos como invasores.

Folha - A percepção geral ainda é essa? De uma invasão?
Altee -
Os iraquianos são muito sensíveis a qualquer força invasora. Os americanos estão enviando uma série de sinais trocados. Há muitas mortes de civis, a TV até há pouco estava emitindo diariamente imagens e discursos de Saddam. A maioria não tem idéia dos propósitos dos EUA.
Os americanos deveriam trazer o mais rápido possível para dentro do país os líderes e iraquianos exilados. São mais de 4 milhões em todo o mundo. Poderiam auxiliar no processo de ajuda humanitária nas cidades que já foram libertadas. Para ganhar a confiança dos iraquianos, é preciso alguém que fale a mesma língua, que conheça a cultura. Não serão os 5.000 tradutores que estão acompanhando as tropas que vão fazer esse trabalho.
O Departamento de Estado estava preocupado com essa questão, mas é o Pentágono quem está cuidando de tudo. É preciso deixar que cada um aja de acordo com a sua especialização.


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