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EUA e Rússia prometem desarmamento
Obama e o colega Medvedev se comprometem a renovar acordo sobre mísseis e falam em "mundo livre de armas nucleares"
Presidentes têm 1º encontro em Londres; americano se reúne também com líder chinês Hu Jintao e marca visitas à Rússia e à China
Shawn Thew/Efe
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O russo Medvedev e o americano Obama em seu primeiro encontro em Londres; tom da reunião enterrou unilateralismo, mesmo mantendo divergências sobre o escudo antimísseis americano
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A LONDRES
O presidente Barack Obama
demonstrou ontem que tem
pressa em introduzir a mudança que foi seu mote de campanha, pelo menos nas relações
internacionais: atacou em três
frentes simultâneas (economia
global, Rússia e China) com
tanta ênfase que assinou comunicado com o presidente da
Rússia, Dmitri Medvedev, no
qual ambos se comprometem a
alcançar "um mundo livre de
armas nucleares".
Claro que é um objetivo de
longo prazo, mas, para reforçar
a firmeza do compromisso, os
dois presidentes anunciaram o
imediato início de conversações para renovar o Start (iniciais em inglês para Tratado sobre Redução de Armas Estratégicas), que vem a ser o acordo
mais ambicioso assinado até
agora pelas duas superpotências nucleares, que vence no
fim do ano (veja quadro).
Após a nota oficial, o governo
norte-americano comentou
que seria preciso regressar 20
anos atrás para encontrar um
tratado com a ambição do que
se pretende assinar agora -o
Start é de 1991.
Pressa e divergências
A pressa é tanta que os dois
presidentes disseram ter instruído seus negociadores a chegar um acordo até julho, mês
em que Obama visitará a Rússia. O senador americano Richard Lugar, defensor do desarmamento nuclear, disse que
a declaração "é de tirar o fôlego", em abrangência.
A pressa e a boa vontade não
foram suficientes -nem se esperava que fossem- para eliminar as divergências entre os
dois países em torno do escudo
antimísseis que os EUA planejam construir no Leste Europeu. O documento explicita o
desacordo, o que combina com
o fato de que Obama, em entrevista coletiva antes do encontro, havia dito que não pretendia disfarçar as divergências.
Mas queria e, pelo menos no
papel conseguiu, realçar as
coincidências, inclusive no
campo do combate ao terrorismo. O comunicado conjunto
diz que Rússia e EUA concordaram em que "a Al Qaeda e outros grupos terroristas e insurgentes que operam no Afeganistão e no Paquistão colocam
uma ameaça comum para muitas nações, incluindo os Estados Unidos e a Rússia".
Por isso, acertaram trabalhar
em conjunto para respaldar
"uma resposta coordenada internacionalmente, com as Nações Unidas desempenhando
um papel chave".
É mais um prego no caixão do
unilateralismo que caracterizou a administração George
Walker Bush.
Com a China também Obama exibiu pressa, tanto que o
comunicado conjunto com Hu
Jintao, o presidente chinês,
anuncia o estabelecimento de
um Diálogo Econômico e Estratégico EUA-China.
A secretaria de Estado americana, Hilary Clinton, assumirá o trilho estratégico, do lado
norte-americano, enquanto o
secretário do Tesouro, Timothy Geithner, se ocupará da
economia. Ou seja, o diálogo será dirigido pelos mais relevantes funcionários da gestão de
Barack Obama.
O próprio Obama irá a Pequim no segundo semestre,
atendendo a convite de Hu.
O comunicado EUA/China é
bem mais retórico do que o texto EUA/Rússia, na medida em
que o segundo fala concretamente em redução do armamento nuclear por meio de um
tratado. Com a China, anuncia-se diálogo apenas.
China e dólar
Até onde a Folha pôde saber,
o tema da substituição do dólar
como moeda internacional de
reserva não foi abordado, embora tanto a Rússia como a
China tenham defendido a tese
nas vésperas da cúpula do G20.
O tema tampouco surgiu nas
negociações para o texto final
da cúpula, a ser emitido hoje.
Pelo que a Folha ouviu de mais
de um negociador, a proposta
chinesa era mais um contra-ataque preventivo para evitar
que ressurgisse em Londres a
tese que culpava os "desequilíbrios" globais pela crise -mero
eufemismo para dizer que o excessivo consumo americano, financiado basicamente pelos
chineses, causara a crise.
Os chineses reagiram dizendo que não aceitavam "socializar" a culpa, que acham ser exclusiva da desregulamentação
do sistema financeiro norte-americano.
De todo modo, o presidente
Obama voltou ao tema ontem,
em entrevista coletiva, mas não
mencionou a China especificamente.
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