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AMÉRICA LATINA
Secretária de Estado Albright diz que governos ineficazes põem em risco os avanços democráticos
Para EUA, pobreza ameaça democracia
da "Associated Press"
A secretária de Estado norte-americana, Madeleine Albright,
disse ontem que a pobreza persistente e os governos ineficazes na
América Latina ameaçam a onda
democratizante que começou
duas décadas atrás.
Em discurso proferido na conferência anual do Conselho das
Américas, Albright disse que,
apesar de uma série de avanços
positivos na região, "existe um reverso da moeda preocupante".
"Nos últimos dez anos, os frutos
do crescimento não apareceram
sobre todas as mesas dos países
de nossa região. Enquanto muitas
pessoas desfrutam de padrões de
vida mais altos, muitas outras
continuam atoladas na miséria. E,
com frequência excessiva, os programas e as políticas governamentais contribuem para intensificar essas desigualdades, em lugar de reduzi-las".
A secretária de Estado observou
que, em 99, já avisara que "a maré
democrática na América Latina
poderia começar a retroceder" se
esses problemas não fossem enfrentados. "Os países poderiam
ser novamente atraídos para os
becos sem saída das políticas protecionistas e do governo autoritário", disse Albright. "Na realidade, isso já está começando a acontecer."
Para reduzir essa ameaça, Albright disse que os EUA estão determinados a trabalhar em conjunto com instituições regionais
com o objetivo de fortalecer as
economias e torná-las mais igualitárias, além de fomentar uma
comunidade democrática mais
coesa.
Segundo Albright, um dos obstáculos para a realização dessas
metas é "a cultura de subornos e
corrupção que corrói muitas instituições e transações neste hemisfério. Desnecessário dizer, ela
também prejudica a capacidade
de empresas norte-americanas e
de outros países de operar num
ambiente transparente e previsível para o comércio e os investimentos".
Em relação à Colômbia, Albright disse lamentar que o Senado ainda não fez nada em relação
ao pedido formulado pelo governo de US$ 1,6 bilhão em assistência, a maior parte destinada ao
combate ao narcotráfico.
Também discursou na conferência o diretor interino do Birô
de Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado, Peter Romero, que aprofundou os comentários de Albright
sobre a pobreza na região.
"Um número bem superior a
180 milhões de cidadãos em nosso
hemisfério ainda vive na pobreza,
ou seja, com menos de US$ 2 por
dia", disse Romero.
"O Hemisfério Ocidental tem a
pior distribuição de renda no
mundo. Dentro de nossos países
existem desigualdades acentuadas em matéria de nutrição, educação, renda, tecnologia, crescimento econômico e direitos",
afirmou ele.
"Se não trabalharmos para eliminar essas desigualdades, vamos deixar nossas sociedades
vulneráveis à violência e ao desrespeito pela lei que decorrem da
instabilidade", disse Romero.
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