São Paulo, terça-feira, 02 de maio de 2000


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AMÉRICA LATINA
Secretária de Estado Albright diz que governos ineficazes põem em risco os avanços democráticos
Para EUA, pobreza ameaça democracia

da "Associated Press"

A secretária de Estado norte-americana, Madeleine Albright, disse ontem que a pobreza persistente e os governos ineficazes na América Latina ameaçam a onda democratizante que começou duas décadas atrás.
Em discurso proferido na conferência anual do Conselho das Américas, Albright disse que, apesar de uma série de avanços positivos na região, "existe um reverso da moeda preocupante".
"Nos últimos dez anos, os frutos do crescimento não apareceram sobre todas as mesas dos países de nossa região. Enquanto muitas pessoas desfrutam de padrões de vida mais altos, muitas outras continuam atoladas na miséria. E, com frequência excessiva, os programas e as políticas governamentais contribuem para intensificar essas desigualdades, em lugar de reduzi-las".
A secretária de Estado observou que, em 99, já avisara que "a maré democrática na América Latina poderia começar a retroceder" se esses problemas não fossem enfrentados. "Os países poderiam ser novamente atraídos para os becos sem saída das políticas protecionistas e do governo autoritário", disse Albright. "Na realidade, isso já está começando a acontecer."
Para reduzir essa ameaça, Albright disse que os EUA estão determinados a trabalhar em conjunto com instituições regionais com o objetivo de fortalecer as economias e torná-las mais igualitárias, além de fomentar uma comunidade democrática mais coesa.
Segundo Albright, um dos obstáculos para a realização dessas metas é "a cultura de subornos e corrupção que corrói muitas instituições e transações neste hemisfério. Desnecessário dizer, ela também prejudica a capacidade de empresas norte-americanas e de outros países de operar num ambiente transparente e previsível para o comércio e os investimentos".
Em relação à Colômbia, Albright disse lamentar que o Senado ainda não fez nada em relação ao pedido formulado pelo governo de US$ 1,6 bilhão em assistência, a maior parte destinada ao combate ao narcotráfico.
Também discursou na conferência o diretor interino do Birô de Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado, Peter Romero, que aprofundou os comentários de Albright sobre a pobreza na região.
"Um número bem superior a 180 milhões de cidadãos em nosso hemisfério ainda vive na pobreza, ou seja, com menos de US$ 2 por dia", disse Romero.
"O Hemisfério Ocidental tem a pior distribuição de renda no mundo. Dentro de nossos países existem desigualdades acentuadas em matéria de nutrição, educação, renda, tecnologia, crescimento econômico e direitos", afirmou ele.
"Se não trabalharmos para eliminar essas desigualdades, vamos deixar nossas sociedades vulneráveis à violência e ao desrespeito pela lei que decorrem da instabilidade", disse Romero.


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