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ANÁLISE
Supremacia da hiperpotência humilha inimigos
ANDREW GUMBEL
DO "INDEPENDENT"
A guerra contra o Iraque não tinha por objetivo unicamente derrubar Saddam Hussein. A intenção também era a de que ela resultasse numa nova forma de dissuasão mundial baseada na exibição
da avassaladora superioridade
militar dos Estados Unidos.
E, pelo menos de acordo com o
Pentágono, esse objetivo foi cumprido. Funcionários dizem que a
Coréia do Norte ficou tão desconcertada com a rapidez da guerra
que foi levada a repensar seu impasse próprio com Washington.
A julgar pelos esforços apressados
para apaziguar as exigências americanas logo após a tomada de
Bagdá, é possível que a Síria e o Irã
tenham tido a mesma reação.
Podemos estar razoavelmente
certos de que o poderio militar
americano vai continuar inconteste, pelo menos no que diz respeito às armas convencionais. Os
sinais vindos do Pentágono sugerem, ainda, que a força militar será uma influência crescente nas
decisões tomadas na área da política externa, de maneira geral. "É
pouco provável que qualquer outro país tente sequer se equiparar
ao poderio militar americano por
muitos e muitos anos", escreveu
Gregg Easterbrook no diário "The
New York Times". "Outros países
não estão nem sequer tentando
equiparar-se à força americana
-estão a tal ponto atrás que não
têm chance alguma de alcançá-la.
A corrida armamentista entre as
grandes potências, que ficou em
vigor durante séculos, terminou
com o resto do mundo reconhecendo a vitória dos EUA."
O orçamento de defesa dos EUA
foi elevado para cerca de US$400
bilhões. É mais do que a soma dos
orçamentos militares de todos os
outros países. Nenhum outro
país, por exemplo, possui um "supertransportador" -um porta-aviões cercado por um anel de
cruzadores e protegido por submarinos nucleares. Os EUA têm
nove e constroem um décimo.
É o novo mundo da supremacia
militar inconteste sobre o qual os
Rumsfelds e Cheneys da vida vêm
teorizando desde o fim da Guerra
Fria. Essa superioridade e a disposição de fazer uso dela suscitam
algumas perguntas preocupantes.
Será que os países mais fracos não
vão achar que sua única defesa segura está nas armas nucleares e
desencadear uma corrida armamentista nuclear? Os EUA passarão a buscar soluções militares
para problemas para os quais
uma resposta mais apropriada estaria na diplomacia tradicional? A
disposição demonstrada pela administração Bush em rasgar tratados internacionais e desprezar a
ONU sugere uma abordagem militarista. Resta saber se administrações futuras, com os mesmos
recursos, não adotarão uma linha
mais flexível e multilateral com
relação à segurança mundial.
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