São Paulo, quarta-feira, 02 de maio de 2007

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Fidel frustra expectativas e não aparece no 1º de Maio

Em artigo, cubano volta a criticar álcool brasileiro

DA REDAÇÃO

O venezuelano Hugo Chávez afirmou que ele estava de volta ao comando da ilha. O boliviano Evo Morales chegou a dizer que ele estaria na festa do 1º de Maio. Mas o ditador Fidel Castro não apareceu ontem na praça da Revolução, onde milhares de cubanos se reuniram.
"Sentimos um pouquinho de nostalgia pela ausência de Fidel, todos esperávamos que ele estivesse no desfile", afirmou Caridad Valdés, 64, aposentada, exibindo o cartaz: "Ouve-se, sente-se, Fidel está presente".
Foi a terceira vez, em quase 50 anos, que o ditador faltou à festa -nas duas anteriores, estava fora do país.
As expectativas em torno da aparição pública de Fidel no 1º de Maio, que seria a primeira desde que transmitiu o poder ao irmão Raúl, em julho passado, cresceram com declarações como as dos aliados latino-americanos Chávez e Morales. O ditador também deu mostras de voltar ao trabalho ao receber uma delegação chinesa no último dia 20.
Mas o público se frustrou. Fidel, que se recupera de uma cirurgia no intestino, publicou ontem apenas mais um artigo no jornal oficial "Granma". Mais um texto sobre biocombustíveis, este dedicado ao Brasil: alertou que a mecanização da colheita deixaria brasileiros não qualificados sem emprego, falou do risco de a soja ser usada para a produção de álcool.
"Não tenho nada contra o Brasil", inicia. Depois de reclamar que a propaganda pró-álcool está confundindo até brasileiros "tradicionalmente amigos de Cuba", disse que não criticar o país "seria optar entre a idéia de uma tragédia mundial e um suposto benefício para o povo daquela grande nação".
Para analistas, a ausência de Fidel lança incertezas sobre sua propalada recuperação, enquanto mais um artigo sobre temas da agenda mundial sinaliza que este é o papel que ele deve ocupar daqui para frente: o de conselheiro do governo cubano e da extrema esquerda mundial, e não o de alguém envolvido no dia-a-dia da ilha.
A festa de 1º de Maio em Cuba foi marcada também por protestos pela libertação, nos EUA, do ex-agente da CIA e militante anticastrista Luis Posada Carriles, processado em Cuba e na Venezuela pelo atentado contra um avião cubano que matou 73 pessoas em 1976. Libertado de uma prisão americana, onde aguardava julgamento por ter tentado enganar as autoridades de imigração, Posada agora cumpre prisão domiciliar em Miami, enquanto Cuba e Venezuela pedem sua extradição.


Com agências internacionais

Leia a íntegra do artigo de Fidel Castro


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