São Paulo, quarta-feira, 02 de maio de 2007

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TURQUIA

Sob crise, premiê antecipa eleição e propõe mudar Carta

DA REDAÇÃO

O premiê da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, anunciou ontem que convocará eleições gerais antecipadas e proporá uma emenda à Constituição para que o país passe a ter eleições diretas para presidente.
O anúncio, precedido por um apelo por união em rede nacional de TV, foi feito horas depois de a Corte Constitucional anular o primeiro turno da votação para presidente no Parlamento, na última sexta, com base em uma petição dos partidos opositores, secularistas. Eles alegam que o pleito é ilegítimo por não ter quórum mínimo.
Analistas classificaram a decisão do tribunal de "política". O chanceler Abdullah Gül, um político de formação islâmica e aliado próximo de Erdogan, era candidato único à Presidência.
As eleições antecipadas podem acontecer já em 24 de junho ou 1º de julho e devem acalmar os ânimos sob uma crise política que se alimentou da indicação de Gül e que opõe os muçulmanos moderados à elite secular. Os secularistas vêem o avanço de Gül como trunfo político dos religiosos e crêem que ele poria em xeque o caráter laico do Estado turco, vigente desde sua criação, em 1923.
Além disso, temem que com as conquistas políticas islâmicas venha a imposição dos costumes da massa menos educada e mais religiosa que tem sido atraída para as grandes cidades pelo recente boom econômico. Antes da decisão da Corte Constitucional, principal instância judiciária do país, os secularistas já tinham protestado na rua em Istambul e Ancara.
Os militares, que já depuseram quatro governos eleitos desde 1960, prometem "fazer o necessário" para garantir um Estado laico.
Pró-Europa, Erdogan apressou-se ontem a declarar à União Européia que a Turquia logo retornará "ao processo democrático normal". Candidato ao bloco, o país, para a UE, ainda carece de reformas sociais e econômicas, além de uma folha melhor de direitos humanos. Pesa ainda a resistência latente a um país islâmico em um bloco cristão.
Os mercados turcos já sofrem com a crise: a Bolsa de Valores de Istambul, na qual 70% do capital é estrangeiro, caiu 3,2% e acumulou perda de 10% em dois dias.


Com agências internacionais e "Financial Times"

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