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TURQUIA
Sob crise, premiê antecipa eleição e propõe mudar Carta
DA REDAÇÃO
O premiê da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, anunciou ontem que convocará
eleições gerais antecipadas e
proporá uma emenda à
Constituição para que o país
passe a ter eleições diretas
para presidente.
O anúncio, precedido por
um apelo por união em rede
nacional de TV, foi feito horas depois de a Corte Constitucional anular o primeiro
turno da votação para presidente no Parlamento, na última sexta, com base em uma
petição dos partidos opositores, secularistas. Eles alegam
que o pleito é ilegítimo por
não ter quórum mínimo.
Analistas classificaram a
decisão do tribunal de "política". O chanceler Abdullah
Gül, um político de formação
islâmica e aliado próximo de
Erdogan, era candidato único à Presidência.
As eleições antecipadas
podem acontecer já em 24 de
junho ou 1º de julho e devem
acalmar os ânimos sob uma
crise política que se alimentou da indicação de Gül e que
opõe os muçulmanos moderados à elite secular. Os secularistas vêem o avanço de
Gül como trunfo político dos
religiosos e crêem que ele poria em xeque o caráter laico
do Estado turco, vigente desde sua criação, em 1923.
Além disso, temem que
com as conquistas políticas
islâmicas venha a imposição
dos costumes da massa menos educada e mais religiosa
que tem sido atraída para as
grandes cidades pelo recente
boom econômico. Antes da
decisão da Corte Constitucional, principal instância
judiciária do país, os secularistas já tinham protestado
na rua em Istambul e Ancara.
Os militares, que já depuseram quatro governos eleitos desde 1960, prometem
"fazer o necessário" para garantir um Estado laico.
Pró-Europa, Erdogan
apressou-se ontem a declarar à União Européia que a
Turquia logo retornará "ao
processo democrático normal". Candidato ao bloco, o
país, para a UE, ainda carece
de reformas sociais e econômicas, além de uma folha
melhor de direitos humanos.
Pesa ainda a resistência latente a um país islâmico em
um bloco cristão.
Os mercados turcos já sofrem com a crise: a Bolsa de
Valores de Istambul, na qual
70% do capital é estrangeiro,
caiu 3,2% e acumulou perda
de 10% em dois dias.
Com agências internacionais e "Financial Times"
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