São Paulo, quarta-feira, 02 de maio de 2007

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FRANÇA

Le Pen exorta eleitores a não votarem no segundo turno

François Mori/Associated Press
Ségolène Royal observa dançarino durante comício em Paris


JOÃO BATISTA NATALI
ENVIADO ESPECIAL A PARIS

O candidato da extrema direita eliminado no primeiro turno presidencial francês de há dez dias, Jean-Marie Le Pen, exortou ontem seus eleitores -10,44% dos votos- a se absterem no segundo turno deste domingo.
"Eu expressamente os convido a se absterem em massa", disse o líder da Frente Nacional, ao fim de um ato público em homenagem a Joana D"Arc. Em princípio, a exortação de Le Pen é boa notícia para a finalista do Partido Socialista, Ségolène Royal, pois a palavra de ordem, se obedecida, não tiraria votos potenciais dela -e sim do candidato do bloco de centro-direita, Nicolas Sarkozy, que encabeça por margem de dois a quatro pontos as pesquisas eleitorais.
Mas as coisas não são tão simples. Sarkozy, em razão do voto útil, já havia esvaziado o eleitorado de Le Pen. E ainda: seus partidários em sua maioria querem evitar a política, para eles, do "quanto pior, melhor". Ou seja, mantêm como prioridade derrotar Ségolène.
O Primeiro de Maio francês foi também um dia de demonstração da fraqueza da esquerda sindical. Das 250 passeatas que ocorreram no país, a maior delas, a parisiense, reuniu apenas 25 mil pessoas, segundo a polícia. A CGT, central sindical ligada ao pequeno Partido Comunista, aproveitou para acusar Sarkozy de planejar limitar o direito de greve.
O próprio Sarkozy deu uma pausa na campanha. Esteve na região da Bretanha e visitou uma clínica para pacientes de doenças degenerativas, onde disse estar "desde sempre" preparado para o debate de hoje à noite com sua adversária e que será transmitido por uma cadeia de rádio e TV.
Ségolène procurou dar o troco ao grande comício que Sarkozy fez no domingo. Reuniu à noite 60 mil pessoas no estádio de Charletty, ao sul da capital. Quis demonstrar que a esquerda ainda leva a melhor quando o critério é juntar gente.
Tailleur branco sobre camiseta vermelha, ela fez um discurso bem mais pessoal e quase despolitizado. "Não quero a vitória de uma parte da França sobre a outra. Queremos a vitória de uma França unida", afirmou.
A candidata disse que no domingo -e partiu do pressuposto de que seria eleita- seria "virada uma nova página da história da França".


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