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Cidade paraguaia sob exceção comemora segurança "importada"
Pedro Juan Caballero louva militares e policiais vindos de fora; prefeito acusa forças locais de serem corruptas
GUSTAVO HENNEMANN
ENVIADO ESPECIAL A PEDRO JUAN CABALLERO (PARAGUAI)
Reduto de narcotraficantes,
a cidade paraguaia de Pedro
Juan Caballero, na fronteira
com o Brasil, convive com brutais assassinatos e tem motivos
de sobra para se preocupar com
a segurança pública, mas confia
pouco nos responsáveis por
manter a ordem.
O descrédito da polícia na capital do departamento de
Amambay é declarado abertamente pelos moradores. Grande parte só acredita em repressão aos traficantes se o Exército
permanecer nas ruas.
Desde quarta-feira, cerca de
200 militares e policiais de Assunção realizam bloqueios na
periferia e patrulham o centro à
noite. O reforço chegou depois
de o governo decretar estado de
exceção para combater a guerrilha do EPP (Exército do Povo
Paraguaio) no norte paraguaio.
"Agora sim, com a polícia de
fora e os milicos, é capaz que
prendam alguém. Porque os
daqui sabem quem são [os criminosos] e não fazem nada. Fecham os olhos", disse uma senhora em entrevista a uma rádio local.
Dezenas de ouvintes que entraram no ar na sequência ampliaram as críticas à polícia de
Pedro Juan Caballero.
Há uma semana, o senador
Robert Acevedo, que fez denúncias contra o narcotráfico,
sofreu um atentado na cidade.
Os autores dispararam 32 vezes
contra sua camionete. Três tiros o acertaram de raspão. O
motorista e o segurança particular morreram.
Seu irmão e prefeito da cidade, José Carlos Acevedo, considera "corruptos" os policiais e
os funcionários responsáveis
por expedir documentos na cidade. "A Interpol teria que trabalhar mais aqui, porque a
fronteira seca facilita a vida dos
criminosos", disse o prefeito.
Os comerciantes parecem
também não confiar no poder
público. Cada loja mantém um
guarda privado fortemente armado, mesmo durante o dia.
Homens de óculos escuros em
trajes civis carregam espingardas calibre 12 e se misturam aos
clientes que vêm do Brasil
atraídos pelos baixos preços de
roupas e eletroeletrônicos.
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