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São Paulo, segunda-feira, 02 de junho de 2003

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IRÃ NA MIRA

No primeiro encontro desde oposição de Moscou à guerra no Iraque, russo mantém ajuda a programa nuclear iraniano

Bush não convence Putin sobre ajuda ao Irã

Anatoly Maltsev/Reuters
O presidente dos EUA, George W. Bush (esq.), conversa com seu colega russo, Vladimir Putin, durante encontro em São Petersburgo


DA REDAÇÃO

O presidente russo, Vladimir Putin, tentou ontem, ao receber seu colega americano, George W., Bush, em São Petersburgo, diminuir temores do governo americano sobre a transferência de tecnologia nuclear russa ao Irã.
Putin não anunciou o fim da cooperação com o regime islâmico de Teerã, como queria Bush, mas sinalizou uma mudança em direção à posição americana ao dizer que os dois países "estão muito mais próximos do que parecem" em relação ao Irã.
"Trabalharemos com todos os nossos parceiros, incluindo os EUA, para impedir a proliferação de armas de destruição em massa, e isso certamente se aplica ao Irã", disse Putin, que recebeu líderes internacionais no fim de semana para celebrar os 300 anos da fundação de São Petersburgo.
O Irã, rico em petróleo, está construindo uma usina nuclear com a ajuda da Rússia e diz que seu único objetivo é produzir energia. Os EUA desconfiam de que o país tenha um programa de armas nucleares secreto. A Agência Internacional de Energia Atômica, ligada à ONU, diz que tem dúvidas sobre os objetivos do programa nuclear iraniano. Os EUA colocaram o Irã no "eixo do mal", junto com a Coréia do Norte e o Iraque pré-guerra.
"Rússia e Estados Unidos se preocupam com o avançado programa nuclear iraniano. Nós compreendemos as consequências de o Irã ter armas nucleares e, assim, queremos trabalhar juntos... para que não obtenham uma arma nuclear", disse Bush. "Eu reconheço a compreensão de Putin sobre o assunto e sua disposição de trabalhar comigo e outros para resolvê-lo", afirmou o americano.

Iraque
Foi o primeiro encontro de Putin e Bush desde a guerra do Iraque, que teve dura oposição de Moscou. "Essa experiência irá fortalecer nossa relação, não enfraquecê-la. Mostraremos que amigos podem discordar, superar as divergências e trabalhar de forma construtiva para manter a paz", disse Bush ontem.
Ele convidou Putin para uma visita aos EUA em setembro e disse que os dois países precisam trabalhar juntos na reconstrução do Iraque. Mas, em relação à produção de petróleo iraquiana, disse que se tratava de assunto iraquiano. "A Rússia tem uma longa história de envolvimento no Iraque, e as autoridades iraquianas, quando estiverem instaladas, tomarão suas decisões."
Empresas russas temem que grandes contratos assinados com o regime deposto do ditador Saddam Hussein possam agora ir para concorrentes americanos.
Os dois presidentes assinaram ontem o chamado Tratado de Moscou, que prevê a redução de ogivas nucleares instaladas. Ambos seguiram depois para Evian (França), para a reunião de cúpula do G8.
Durante o encontro em São Petersburgo, no noroeste da Rússia, Putin e Bush se esforçaram para mostrar que têm boas relações. Putin chamou Bush de "amigo", o que já fizera antes.
Questionado sobre o fato de até agora não terem sido encontradas no Iraque armas de destruição em massa, principal motivo alegado por EUA e Reino Unido para lançarem a guerra, Bush disse: Nós descobrimos laboratórios biológicos de fabricação de armas que o Iraque negava ter, e esses laboratórios foram proibidos por resoluções da ONU".
Os laboratórios em questão foram encontrados no Iraque, mas sem armas de destruição em massa. Os EUA aumentaram seus esforços para buscar as supostas armas iraquianas, anunciando na sexta-feira a formação de uma nova equipe de 1.400 especialistas para vasculharem o Iraque em busca das armas banidas por resoluções da ONU.

Com agências internacionais


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