São Paulo, terça-feira, 02 de julho de 2002

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AVENTURA

Fosset pode tornar-se hoje o primeiro a realizar o feito sozinho; no ano passado, ele interrompeu vôo em Bagé

Americano pode completar volta ao mundo em balão

MICHAEL PERRY
DA ""REUTERS", EM SYDNEY

O milionário americano Steve Fossett estava atravessando o sul do oceano Índico em alta velocidade ontem, a caminho da Austrália, na reta final de sua tentativa de ser o primeiro a dar a volta ao mundo sozinho num balão.
A previsão era que Fossett concluísse um dos últimos grandes vôos tripulados ainda inéditos por volta das 7h de hoje em Brasília, quando ele deve atravessar a longitude de 117 graus leste, sobrevoando o oceano Índico ao sul da Austrália. A informação é de um porta-voz da central de controle de sua missão, em St. Louis, Missouri (sul dos EUA).
Fossett, 58, decolou em 19 de junho da cidade australiana de Denham, na mesma longitude, mas os ventos meridionais vindos da África do Sul o farão voar ao sul da costa oeste da Austrália, e, num segundo momento, mais para o norte, para aterrissar no sul da Austrália na noite de amanhã ou na manhã de quinta-feira.
"Ele está sobrevoando o oceano Índico, a caminho da Austrália. Tudo está indo bem. Ele está na reta final", disse o porta-voz do centro de controle. "Quando ele passar pela longitude de 117 graus, a volta ao mundo terá sido completada. Ele então procurará um lugar para aterrissar e o fará onde achar mais conveniente."
Fossett está voando há 12 dias. Na manhã de ontem, ele estava voando a 250 km/h, a uma altitude de 8.686 metros.
Segundo seu site, o www.spiritoffreedom.com, o balonista já tinha completado 89% do percurso da volta ao globo. Ele escolheu fazer sua tentativa no hemisfério Sul para aproveitar os ventos lestes prevalecentes na região.
Depois de deixar a Austrália, seu percurso foi virtualmente reto, atravessando o sul do Pacífico, passando pelas distantes Ilha de Páscoa (Chile) e sobre a ponta sul da América do Sul.
Mas, quando começou a atravessar o Atlântico, sua rota de vôo foi para o sul, passando ao sul da África do Sul e mais perto da Antártida. É a rota mais curta em volta ao mundo, e os ventos gelados sobre o oceano Índico meridional o vêm ajudando na reta final. Mas no trajeto também ocorrem as mudanças de tempo mais perigosas do mundo, tanto assim que muitos navegantes que tentaram dar a volta ao mundo pelo sul do planeta morreram devido ao mau tempo.
A previsão é que Fossett aterrisse ao anoitecer da quarta-feira ou que aguarde até o amanhecer da quinta para pousar a nordeste da cidade de Adelaide, no Estado da Austrália do Sul.
Uma declaração divulgada em seu site diz que o horário e o local do pouso estão sujeitos a mudanças e serão determinados pela velocidade de vôo, o horário e a direção tomada pelo balonista depois de sobrevoar a costa da Austrália.
Sua equipe de apoio na Austrália já tem um helicóptero preparado, aguardando o momento de buscar Fossett se ele aterrissar em algum local distante.
Steve Fossett já quebrou seu próprio recorde num vôo de balão solo: 22.909 quilômetros, recorde marcado numa tentativa de circunavegar o planeta lançada em 1998. Na tentativa atual, a previsão era que ele voasse 27.358 quilômetros, mas ele já a superou -já tinha voado 27.911 quilômetros ontem.
É a sexta tentativa feita pelo ex-corretor de ações de Chicago de dar a volta ao mundo num balão. Em sua quarta tentativa, em 1998, ele mergulhou 8.800 metros e caiu no mar de Coral, perto da costa noroeste da Austrália, tanto que pôde considerar-se um homem de sorte por continuar vivo.
Sua quinta tentativa, no ano passado, terminou depois de 12 dias, quando temporais o obrigaram a pousar em Bagé (RS). Fossett chegou a vestir um pára-quedas caso precisasse abandonar sua cápsula durante a descida.
Fossett tentou durante anos tornar-se o primeiro balonista a dar a volta ao mundo sem escalas, mas essa distinção acabou ficando com o piloto suíço Bertrand Piccard e o co-piloto inglês Brian Jones, em março de 1999. Diante disso, ele decidiu concentrar seus esforços para tornar-se o primeiro balonista a concluir a viagem sozinho.


Tradução de Clara Allain


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