|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Abbas culpa Hamas pelo impasse em crise com Israel
Para premiê palestino, dissonância dentro do grupo prejudicou mediação egípcia
Ação militar de Israel segue; Bush diz que libertação de cabo israelense é "chave", e líder da UE exorta Israel a soltar ministros palestinos
DA REDAÇÃO
O presidente da Autoridade
Nacional Palestina, Mahmoud
Abbas, culpou ontem a cisão interna do grupo terrorista Hamas, que tem maioria no Parlamento, pelo fracasso das negociações diplomáticas mediadas
pelo Egito para a libertação de
um soldado israelense, à qual
está condicionado o fim da
ofensiva de Israel em Gaza.
Na madrugada de hoje ocorreu um ataque israelense contra o escritório do primeiro-ministro Ismail Haniyeh, do Hamas, incendiando o prédio, vazio no momento do ataque. Um
dos guardas foi ferido levemente, segundo testemunhas. Em
outro ataque, foi morto um
membro do Hamas.
"Os esforços dos egípcios enfrentam dificuldades devido à
falta de um responsável do lado
do Hamas capaz de tomar decisões", declarou Abbas em comunicado, referindo-se ao dissenso entre o braço político do
grupo, líderes exilados na Síria
e responsáveis pelo seqüestro.
"A liderança política lá fora
diz que a decisão cabe a seu braço militar em Gaza, enquanto o
braço militar afirma que a decisão é da liderança política lá fora. Ismail Hanyieh, o atual premiê no governo do Hamas, parece não ter poder decisório
nesta questão", segue o texto.
A captura do cabo Gilad Shalit há uma semana por radicais
palestinos desencadeou uma
ofensiva militar de Israel que já
dura cinco dias e intensificou a
crise política nos territórios.
Os três grupos que mantêm
Shalit, 19, exigem que Israel liberte mil prisioneiros "palestinos, árabes e muçulmanos".
O governo israelense voltou
ontem a rejeitar o pedido e prometeu manter a ofensiva. "O
premiê Ehud Olmert reitera
que não haverá acordo. Ou Shalit é libertado ou agiremos para
libertá-lo", disse o porta-voz da
chancelaria, Mark Regev.
Falando pela primeira vez
sobre o caso, Haniyeh anteontem condicionou a libertação
do soldado à soltura de prisioneiros por Israel e acusou os israelenses de tentar derrubar
seu governo por meio de ação
militar e prisão de 64 membros
do Hamas, inclusive ministros
e parlamentares. Israel diz que
eles são suspeitos de envolvimento em atos terroristas.
Pressões
Em declaração divulgada pela Casa Branca, o presidente
dos EUA, George W. Bush, afirmou que a libertação de Shalit é
a "chave" para o fim da crise e
deveria ser a "meta inicial".
Atual detentor da presidência rotativa da UE, o premiê finlandês, Matti Vanhanen, pediu a libertação de Shalit, mas
disse que Israel deveria soltar
os membros do Hamas. Já o
premiê turco, Recep Tayyip Erdogan, declarou que a "resposta
desproporcional de Israel" à
captura do cabo pode arrastar a
crise "a um ponto sem volta".
Por meio do vice-ministro
para questões de prisioneiros,
Ziad Abu Aen, o governo palestino anunciou que a condição
de Shalit é estável e que ele recebeu tratamento médico. "Ele
tem três ferimentos. Creio que
sejam de estilhaços."
O Conselho de Segurança da
ONU fez um encontro na sexta,
após os palestinos pedirem que
o órgão condenasse as ações e
ordenasse o fim da ofensiva.
Não houve resolução.
Crise humanitária
Segundo a ONU, Gaza está à
beira de uma crise humanitária. A ação israelense atingiu
centrais elétricas e deixou mais
de 1 milhão de pessoas sem luz.
Militares egípcios informaram que mais de 4.000 palestinos estão "presos" em Rafah e
El Arish, perto da fronteira com
o Egito, por conta da ofensiva.
Muitos trabalham em países na
região do golfo Pérsico e voltavam para casa para as férias.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Brasileiros tentam pacificar a maior favela de Porto Príncipe Próximo Texto: Do exílio na Síria, Meshal radicaliza o grupo Índice
|