São Paulo, sexta-feira, 02 de agosto de 2002

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Bush se diz "furioso" com morte de cinco americanos em atentado

DA REDAÇÃO

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, disse ter ficado "furioso" com o atentado que matou sete pessoas -cinco delas americanas- e feriu cerca de 80 anteontem na Universidade Hebraica de Jerusalém.
"Estou tão zangado quanto Israel", disse Bush para jornalistas em Washington antes de se reunir com o rei Abdullah, da Jordânia. "Fiquei furioso que vidas inocentes foram perdidas. No entanto, mesmo com essa fúria, mesmo estando zangado, eu ainda acredito na paz", acrescentou o presidente.
O FBI (polícia federal dos EUA) abriu investigações sobre o caso e, segundo autoridades americanas, estaria cooperando com a polícia israelense.
O atentado aconteceu no refeitório da universidade, conhecida como um dos poucos locais onde árabes e judeus convivem em harmonia. Doze feridos ainda estão internados em estado grave. Parte dos feridos são estrangeiros e árabes israelenses.
Uma das mortas, Marla Bennet, 24, uma americana de San Diego, escreveu em maio passado um artigo em um jornal de sua cidade sobre os riscos de ser vítima de um atentado em Israel.
"Essa questão pode parecer inconsequente, mas os acontecimentos dos últimos meses em Israel me levaram a acreditar que cada pequena decisão que tomo -como a escolha do caminho para a escola, ir ou não jantar- pode ter consequências que ameacem a minha vida", escreveu Bennet.
O grupo extremista islâmico Hamas disse que cometeu o atentado em resposta a ataque semana passada em Gaza que matou um líder do grupo e outras 14 pessoas, sendo nove delas crianças.
O líder do Hamas Abdel Aziz Rantisi disse ontem que o atentado foi contra a ocupação israelenses e não importava ao grupo que a maior parte dos mortos sejam norte-americanos.
"Estamos lutando em nosso território ocupado. Nós não vamos aos EUA ou à França. Os governos americano e francês deveriam pedir a seus cidadãos que não venham para essas áreas", afirmou Rantisi. O Hamas assumiu dezenas de atentados na Intifada, o levante contra a ocupação israelense, iniciado em setembro de 2000.
O ministro da Defesa de Israel, Binyamin Ben Eliezer, disse anteontem que os israelenses realizarão uma retaliação militar ao atentado na universidade.
Até ontem, porém, não haviam sido realizadas operações de larga escala. Já a casa do suicida que feriu sete em atentado em Jerusalém na terça-feira foi demolida em Beit Jala, perto de Belém.
Israel ocupa as principais cidades palestinas da Cisjordânia desde meados de junho e mantém cerca de 700 mil palestinos sob toque de recolher durante horas diariamente.
A Autoridade Nacional Palestina (ANP) temia ontem que Israel expulsasse o seu presidente, Iasser Arafat, dos territórios palestinos em retaliação ao atentado na universidade. O ataque foi condenado pela ANP.
A ação terrorista na universidade foi diferente dos anteriores. Não houve um suicida com explosivos presos ao corpo. A bomba foi colocada dentro de uma sacola sobre uma mesa do refeitório. A polícia israelense investiga a hipótese de a detonação ter sido feita à distância, por celular.
O corpo de um israelense morto a tiros foi encontrado na fronteira do território de Israel com a Cisjordânia. O motivo da morte era desconhecido até o fechamento desta edição. Ao menos 1.473 palestinos e 574 israelenses morreram devido à violência na região desde o início da Intifada.


Com agências internacionais


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