São Paulo, sexta-feira, 02 de agosto de 2002

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Cientista do Exército é investigado por antraz

DA REDAÇÃO

A investigação conduzida pelo FBI (polícia federal dos Estados Unidos) sobre os ataques com a bactéria antraz, que mataram cinco pessoas e infectaram outras 13 no ano passado, aponta para um cientista que trabalhou para o Exército norte-americano.
Steven Hatfill, 48, é doutor em biologia molecular e está entre os 30 cientistas sob escrutínio pelo FBI na investigação dos ataques.
Autoridades dos EUA afirmam que o suspeito precisaria ter um sofisticado conhecimento científico e treinamento técnico para manipular a bactéria, além de acesso a um bom laboratório.
Ontem, o apartamento de Hatfill foi novamente vasculhado, agora com um mandado judicial. No final de junho, o cientista já havia permitido que o FBI realizasse busca no local. O cientista mora em Fort Detrick, Maryland, a 65 km de Washington.
No mesmo local estão as instalações de pesquisa sobre armas biológicas do Exército, para quem Hatfill prestou serviços. Antes disso, ele trabalhou para o Instituto Médico do Exército para Doenças Infecciosas, que é o centro nacional de pesquisa sobre armamentos biológicos defensivos.
Uma porta-voz da ONU disse que Hatfill participou de curso de treinamento para inspetores, que teriam a missão de averiguar armas de destruição em massa no Iraque. O Iraque não permitiu a entrada dos especialistas.
Ontem, uma porta-voz do FBI declarou apenas que agentes "estão neste momento na residência, conduzindo uma investigação".
Uma fonte ouvida pela rede CNN disse que a primeira busca no apartamento tinha como objetivo localizar traços de antraz. A de ontem teria outro foco, que não foi explicitado.
Outra autoridade do órgão negou uma possível detenção do cientista, ou que ele seria submetido a um interrogatório.
O diretor do FBI, Robert Mueller, não quis comentar a mais recente busca, declarando apenas que o órgão estava "fazendo progressos" na investigação.
Desde outubro passado, o FBI vem tentando descobrir o responsável pelos ataques com antraz.
Os incidentes começaram logo após os ataques terroristas de 11 de setembro. Temia-se, então, que também fossem obra de extremistas. Osama bin Laden, que assumiu a autoria dos ataques ao World Trade Center e ao Pentágono em vídeo divulgado pelo governo dos EUA, disse em vídeo que "essas doenças" eram "punição divina".
À medida que as investigações prosseguiram, a hipótese externa foi descartada. Em dezembro, a Casa Branca admitiu que evidências apontavam "crescentemente para uma fonte doméstica".
Em fevereiro, o FBI declarou que os esporos de antraz encontrados nos ataques eram provenientes de um laboratório do governo norte-americano.
Esporos (forma mais resistente da bactéria) de antraz foram enviados por carta, e os principais alvos identificados foram órgãos de mídia e autoridades políticas, como membros do Congresso. Em consequência, funcionários do correio foram contaminados.


Com agências internacionais


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