São Paulo, segunda-feira, 02 de agosto de 2004

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AMÉRICA LATINA

Segundo relatório obtido pela "Newsweek", presidente foi amigo de Escobar; Bogotá e Washington negam acusação

Documento dos EUA de 1991 liga Uribe ao narcotráfico

DA REDAÇÃO

Um relatório de 1991 do Departamento da Defesa norte-americano recentemente tornado público vincula o presidente colombiano, Álvaro Uribe, ao cartel narcotraficante de Medellín e a seu líder, Pablo Escobar, revelou a revista americana "Newsweek". A acusação foi rechaçada com veemência em nota divulgada pelo governo colombiano e por um porta-voz de Washington.
O relatório do Pentágono, uma lista com mais de cem pessoas suspeitas de ligação com o narcotráfico, descreve Uribe como um "político colombiano e senador dedicado a colaborar com o cartel de Medellín nos mais altos níveis governamentais".
"Uribe teve relações com uma empresa envolvida em atividades do narcotráfico nos Estados Unidos, trabalhou para o cartel e é amigo pessoal de Pablo Escobar Gaviria." Escobar foi líder do cartel de Medellín até ser morto pela polícia, em 1993.
O relatório do Pentágono foi obtido pela ONG The National Security Archive e estava embargado para divulgação até hoje, mas a revista americana decidiu se antecipar. Os jornais "The New York Times" e "Los Angeles Times" também devem publicar artigos sobre o assunto.

Reação
Em nota divulgada ontem, a Presidência colombiana afirma que essas informações já haviam sido divulgadas durante a campanha eleitoral de 2002 e que "se trata de uma informação que não foi avaliada".
A nota afirma que Uribe foi eleito senador três vezes por um movimento político diferente do que estava sob influência de Escobar e que nunca manteve negócios fora da Colômbia.
A nota também afirma que Alberto Uribe Serra, pai do presidente, "foi assassinado pela Frente Cinco das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em 14 de junho de 1983, ao resistir a uma tentativa de seqüestro".
Acrescenta ainda que, desde o seu início, o governo Uribe extraditou mais de 170 pessoas a diversos países "para serem julgadas por narcotráfico e outros delitos, inclusive a lavagem de ativos".
Em Washington, um porta-voz do Departamento de Estado demonstrou apoio ao presidente colombiano: "Rechaçamos completamente essas alegações contra o presidente Uribe. Não temos informação confiável que confirme, ou dê substância a, um relatório não avaliado que data de 1991 e que vincula o presidente Uribe ao negócio ou tráfico de narcóticos", disse Robert Zimmerman ao jornal colombiano "El Tiempo".
A revelação contra Uribe ocorre dias depois de o presidente colombiano ter recebido duas críticas vindas dos Estados Unidos.
Na última quarta-feira, os candidatos democratas a presidente e vice dos EUA, John Kerry e John Edwards, e mais 21 senadores enviaram uma carta a Uribe pedindo a ruptura de supostos laços entre o Exército e paramilitares, acusados de controlar parte do narcotráfico colombiano.
O governo vem mantendo uma complexa e confusa negociação de paz com as AUC (Autodefesas Unidas da Colômbia), grupo terrorista de direita cujos principais líderes têm pedidos de extradição de Washington por narcotráfico.
Dois dias depois, o embaixador dos EUA na Colômbia, William Wood, classificou de "escândalo" a visita que três paramilitares haviam feito na véspera ao Congresso, com aval de Uribe.


Com agências internacionais


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