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Pentágono visou Tríplice Fronteira
DE WASHINGTON
Os EUA cogitaram atacar supostos alvos terroristas na região
da Tríplice Fronteira, entre Brasil,
Paraguai e Argentina, dias depois
dos atentados do 11 de Setembro.
Segundo informações obtidas
pela revista "Newsweek", um memorando do Pentágono escrito
logo depois dos ataques a Nova
York e Washington apontou a
Tríplice Fronteira e regiões no Sudeste Asiático como "alvos" que
"surpreenderiam os terroristas".
A informação veio a público por
meio da comissão mista do Congresso americano que investigou
as ações dos EUA envolvendo o 11
de Setembro.
O memorando não assinado citando a Tríplice Fronteira teria sido escrito pelo subsecretário de
Defesa dos EUA, Douglas Feith,
com a ajuda de dois assessores, o
analista militar Michael Mallof e o
especialista em Oriente Médio
David Wurmser -hoje o principal assessor para política externa
do vice-presidente americano,
Dick Cheney.
O argumento-base do memorando é a suposta presença na região de ativistas e financiadores
do grupo Hezbollah, apoiado pelo
Irã. As ações serviriam para eliminar ou prender terroristas em locais "onde eles não esperavam ser
atacados".
Segundo a "Newsweek", o memorando chegou a ser apresentado a altos funcionários da área de
política externa do presidente
George W. Bush.
Durante as investigações da comissão do Congresso, funcionários da Casa Branca afirmaram
que a idéia foi vista como "beligerante" e jamais adotada.
Procurados, os departamentos
de Estado e Defesa não quiseram
comentar o caso ontem.
No pacote de idéias "heterodoxas" na guerra contra o terror logo após o 11 de Setembro constou
também a proposta do secretário-adjunto de Defesa, Paul Wolfowitz, de atacar o Iraque.
Em um memorando de 17 de setembro de 2001, Wolfowitz afirma
que havia "mais chances do que
uma em dez" de que Saddam
Hussein estivesse por trás dos ataques terroristas contra os EUA.
Wolfowitz acusou o Iraque
usando como base uma controvertida teoria da acadêmica Laurie Mylroie, autora de dois livros
sobre Saddam. Mylroie acredita
que Ramzi Yousef, idealizador do
atentado a bomba contra o World
Trade Center em 1993, integrava a
inteligência iraquiana.
Em depoimento à comissão do
Congresso, um assessor de Wolfowitz afirmou que o memorando
de seu chefe "não se tratava de
teorias, mas de fatos".
A comissão parlamentar, que
encerrou seus trabalhos há duas
semanas, não encontrou nenhuma evidência do envolvimento do
Iraque nos atentados de 1993 e
2001.
(FERNANDO CANZIAN)
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