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ELEIÇÕES NOS EUA
Presidente usará agosto, mês normalmente morno, para atacar rival
Bush mira história de Kerry no Senado
ADAM NAGOURNEY
ROBIN TONER
DO "NEW YORK TIMES"
A campanha do presidente
George W. Bush vai utilizar o normalmente sonolento mês de
agosto para fazer ataques ao rival
John Kerry. O objetivo é desviar a
atenção do histórico militar do
candidato democrata, visto até
agora como um veterano na
Guerra do Vietnã, para a performance dele no Senado, descrita
pelos republicanos como medíocre e de tendência esquerdista.
O processo de ataques deve culminar na convenção republicana,
que começa no próximo dia 30. A
expectativa é de que, diferentemente de outras eleições, desta
vez o mês de agosto não seja uma
época de quietude na campanha
presidencial, porque neste ano a
disputa está apertada e os eleitores parecem ter um interesse
maior do que o usual.
Assessores de Kerry e de Bush
descrevem esse período como
uma oportunidade de alterar a dinâmica de suas campanhas.
Nas quatro semanas que antecedem a usualmente tardia convenção republicana, assessores de
Bush disseram ter delineado planos semanais sobre os feitos do
presidente e sua agenda para um
possível segundo mandato. Eles
também disseram que vão "por
fim" ao que tem sido descrita como bem-sucedida convenção democrata e ao foco nas credenciais
de veterano de guerra de Kerry.
O objetivo dos assessores de
campanha de Bush é mostrar a
falta de realizações de Kerry nos
seus 20 anos no Senado, retratando-o como ineficiente, ideologicamente atrasado e ausente em
votações importantes. .
Os votos de Kerry no Senado
-cerca de 6.000- têm sido considerados há tempos um ponto
vulnerável dele para democratas e
republicanos, não apenas porque
ele pode ser caracterizado como
liberal, como também porque essas votações abrangem temas vastos e politicamente complicados
ao longo de tantos anos.
Efeito adverso
Alguns democratas e até mesmo
alguns republicanos concordam
que esses ataques têm um efeito
menor do que tinham antes e podem até mesmo ter um resultado
contrário, atingindo Bush.
"As pesquisas que temos feito
demonstram que a campanha de
Bush já chegou ao seu ápice e agora cruzou a linha na qual se torna
negativa", afirma Geoff Garin,
pesquisador do Partido Democrata. Ele salienta que a campanha
republicana, sob pressão para
tentar impedir o crescimento de
Kerry, corre o risco de perder eleitores indecisos que já enxergam
os republicanos negativamente.
Os assessores de Kerry dizem
que eles planejam uma campanha
intensa de costa a costa neste mês,
na qual suas propostas domésticas serão salientadas. Para eles, os
eleitores indecisos ou que ainda
podem mudar de voto -entre
15% e 20%- estão interessados
em ouvir planos na área econômica, do seguro saúde e da segurança nacional. Kerry deverá colocar
todas as suas propostas em um livro a ser publicado ainda este
mês, seguindo receita da campanha de Bill Clinton em 1992.
Até o dia da eleição, 2 de novembro, Kerry poderá gastar no
máximo US$ 75 milhões, uma vez
que ele foi referendado como candidato democrata na convenção
da semana passada. Ante o limite,
os democratas devem economizar em agosto para enfrentar o
fim da campanha. Já Bush, que escolheu a última data possível para
a convenção republicana, não terá
limite de gasto até seu nome ser
ratificado, no início de setembro.
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