São Paulo, segunda-feira, 02 de agosto de 2004

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ELEIÇÕES NOS EUA

Presidente usará agosto, mês normalmente morno, para atacar rival

Bush mira história de Kerry no Senado

ADAM NAGOURNEY
ROBIN TONER
DO "NEW YORK TIMES"

A campanha do presidente George W. Bush vai utilizar o normalmente sonolento mês de agosto para fazer ataques ao rival John Kerry. O objetivo é desviar a atenção do histórico militar do candidato democrata, visto até agora como um veterano na Guerra do Vietnã, para a performance dele no Senado, descrita pelos republicanos como medíocre e de tendência esquerdista.
O processo de ataques deve culminar na convenção republicana, que começa no próximo dia 30. A expectativa é de que, diferentemente de outras eleições, desta vez o mês de agosto não seja uma época de quietude na campanha presidencial, porque neste ano a disputa está apertada e os eleitores parecem ter um interesse maior do que o usual.
Assessores de Kerry e de Bush descrevem esse período como uma oportunidade de alterar a dinâmica de suas campanhas.
Nas quatro semanas que antecedem a usualmente tardia convenção republicana, assessores de Bush disseram ter delineado planos semanais sobre os feitos do presidente e sua agenda para um possível segundo mandato. Eles também disseram que vão "por fim" ao que tem sido descrita como bem-sucedida convenção democrata e ao foco nas credenciais de veterano de guerra de Kerry.
O objetivo dos assessores de campanha de Bush é mostrar a falta de realizações de Kerry nos seus 20 anos no Senado, retratando-o como ineficiente, ideologicamente atrasado e ausente em votações importantes. .
Os votos de Kerry no Senado -cerca de 6.000- têm sido considerados há tempos um ponto vulnerável dele para democratas e republicanos, não apenas porque ele pode ser caracterizado como liberal, como também porque essas votações abrangem temas vastos e politicamente complicados ao longo de tantos anos.

Efeito adverso
Alguns democratas e até mesmo alguns republicanos concordam que esses ataques têm um efeito menor do que tinham antes e podem até mesmo ter um resultado contrário, atingindo Bush.
"As pesquisas que temos feito demonstram que a campanha de Bush já chegou ao seu ápice e agora cruzou a linha na qual se torna negativa", afirma Geoff Garin, pesquisador do Partido Democrata. Ele salienta que a campanha republicana, sob pressão para tentar impedir o crescimento de Kerry, corre o risco de perder eleitores indecisos que já enxergam os republicanos negativamente.
Os assessores de Kerry dizem que eles planejam uma campanha intensa de costa a costa neste mês, na qual suas propostas domésticas serão salientadas. Para eles, os eleitores indecisos ou que ainda podem mudar de voto -entre 15% e 20%- estão interessados em ouvir planos na área econômica, do seguro saúde e da segurança nacional. Kerry deverá colocar todas as suas propostas em um livro a ser publicado ainda este mês, seguindo receita da campanha de Bill Clinton em 1992.
Até o dia da eleição, 2 de novembro, Kerry poderá gastar no máximo US$ 75 milhões, uma vez que ele foi referendado como candidato democrata na convenção da semana passada. Ante o limite, os democratas devem economizar em agosto para enfrentar o fim da campanha. Já Bush, que escolheu a última data possível para a convenção republicana, não terá limite de gasto até seu nome ser ratificado, no início de setembro.


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