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Embaixador terá de trabalhar com os outros diplomatas, diz Annan
DE NOVA YORK
A confirmação de John Bolton
para o cargo de embaixador dos
EUA nas Nações Unidas, que estava vago desde janeiro, motivou
palavras de boas-vindas de seus
futuros colegas e do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, mas
com algumas ressalvas a seu passado de críticas à organização em
que agora vai atuar.
"Esperamos trabalhar com ele e
daremos as boas-vindas num momento em que estamos em meio a
importantes reformas", afirmou
Annan. No entanto o secretário-geral fez questão de destacar que
"é correto que um embaixador
venha e pressione, mas ele tem
sempre de lembrar que há outros
190 que terão de ser convencidos,
ou uma vasta maioria deles, para
que a ação aconteça".
Bolton vai assumir o cargo na
reta final de longas discussões sobre a maior reforma na história
dos 60 anos das Nações Unidas.
Ao ser anunciado por Bush ontem, disse sentir-se "profundamente honrado" pela decisão do
presidente. "Nós procuramos
uma organização mais forte, mais
efetiva e fiel aos ideais de seus fundadores e ágil o suficiente para
agir no século 21."
Na semana passada, o G4, grupo formado por Brasil, Alemanha, Japão e Índia, ficou perto de
um acordo com as nações africanas para aprovar uma resolução
que fizesse uma profunda alteração na composição de um dos órgãos mais importantes da ONU, o
Conselho de Segurança.
E os EUA, que agora serão liderados por Bolton, já se manifestaram contrariamente a esse projeto, que acrescenta seis novos
membros permanentes ao Conselho, que se somariam aos atuais
cinco (EUA, China, Rússia, Reino
Unido e França).
"Temos na ONU uma tradição
de trabalhar juntos. Esperamos
que essa tradição se mantenha",
afirmou o embaixador brasileiro
nas Nações Unidas, Ronaldo Sardenberg, a agências de notícias.
"Não o conheço pessoalmente,
o tempo demonstrará se é capaz
de trabalhar de maneira efetiva,
apesar das críticas que fez contra a
ONU", disse também o embaixador russo, Konstantin Dolgov.
Na primeira vez em que o nome
de Bolton surgiu, um diplomata
brasileiro disse à Folha que considerava a indicação uma demonstração de desprezo de Bush pela
ONU. Um dos motivos da atual
reforma foi justamente o desgaste
da instituição depois que Bush
decidiu ir à Guerra do Iraque
mesmo sem a aprovação da ONU.
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