São Paulo, terça-feira, 02 de agosto de 2005

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Embaixador terá de trabalhar com os outros diplomatas, diz Annan

DE NOVA YORK

A confirmação de John Bolton para o cargo de embaixador dos EUA nas Nações Unidas, que estava vago desde janeiro, motivou palavras de boas-vindas de seus futuros colegas e do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, mas com algumas ressalvas a seu passado de críticas à organização em que agora vai atuar.
"Esperamos trabalhar com ele e daremos as boas-vindas num momento em que estamos em meio a importantes reformas", afirmou Annan. No entanto o secretário-geral fez questão de destacar que "é correto que um embaixador venha e pressione, mas ele tem sempre de lembrar que há outros 190 que terão de ser convencidos, ou uma vasta maioria deles, para que a ação aconteça".
Bolton vai assumir o cargo na reta final de longas discussões sobre a maior reforma na história dos 60 anos das Nações Unidas.
Ao ser anunciado por Bush ontem, disse sentir-se "profundamente honrado" pela decisão do presidente. "Nós procuramos uma organização mais forte, mais efetiva e fiel aos ideais de seus fundadores e ágil o suficiente para agir no século 21."
Na semana passada, o G4, grupo formado por Brasil, Alemanha, Japão e Índia, ficou perto de um acordo com as nações africanas para aprovar uma resolução que fizesse uma profunda alteração na composição de um dos órgãos mais importantes da ONU, o Conselho de Segurança.
E os EUA, que agora serão liderados por Bolton, já se manifestaram contrariamente a esse projeto, que acrescenta seis novos membros permanentes ao Conselho, que se somariam aos atuais cinco (EUA, China, Rússia, Reino Unido e França).
"Temos na ONU uma tradição de trabalhar juntos. Esperamos que essa tradição se mantenha", afirmou o embaixador brasileiro nas Nações Unidas, Ronaldo Sardenberg, a agências de notícias.
"Não o conheço pessoalmente, o tempo demonstrará se é capaz de trabalhar de maneira efetiva, apesar das críticas que fez contra a ONU", disse também o embaixador russo, Konstantin Dolgov.
Na primeira vez em que o nome de Bolton surgiu, um diplomata brasileiro disse à Folha que considerava a indicação uma demonstração de desprezo de Bush pela ONU. Um dos motivos da atual reforma foi justamente o desgaste da instituição depois que Bush decidiu ir à Guerra do Iraque mesmo sem a aprovação da ONU.

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