São Paulo, sexta-feira, 02 de setembro de 2005

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Violência obriga a andar em grupo, diz brasileira

DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Entrar para um grupo de 14 estudantes de diversas partes do mundo foi a única forma que a publicitária brasileira Monica Vassao, 25, encontrou para enfrentar o caos no Superdome, estádio de 75 andares que está servindo de refúgio para milhares de desabrigados em Nova Orleans.
Dentro do Superdome, a situação é de calamidade e só é possível se manter viva andando em grupos. Monica contou para a mãe, Vera Vassao, 46, que as brigas entre bandos são cada vez mais comuns. "A única forma que ela encontrou de se proteger do vandalismo foi andar com esse pessoal. Minha filha tem medo de ser atacada porque está todo mundo descontrolado", afirma.
A última conversa de Vera com a filha foi na madrugada de terça para quarta-feira. "A bateria do celular dela acabou e não tivemos mais nenhuma notícia. Estamos desesperados."
Monica, que é de Curitiba e foi para os EUA estudar, estava no Superdome com outra amiga brasileira, Letícia Campos, que mora em Belo Horizonte. "Minha filha me pediu socorro. Contou que, por causa do calor, há muita gente morrendo de desidratação. Os cadáveres estão por todos os lados do estádio e ninguém dá assistência. Ela disse que se sente em um filme de terror."
De acordo com Vera, a filha também disse que os suicídios estavam se tornando cada vez mais constantes. "As pessoas não podem sair do estádio, que está sem luz, sem água, sem infra-estrutura. Monica falou que está com medo de começarem epidemias já que há muitos abrigados doentes e sem remédios." Há também muitos idosos e crianças, contou.
A irmã de Monica, Sue Helen Vassao, 23, disse ontem que vem tomando calmante para suportar a pressão da falta de notícias da publicitária.
Para Sue Helen, o desencontro de informações faz com que a angústia à espera de notícias da irmã aumente ainda mais com o passar dos dias.
"O consulado [brasileiro em Houston, Texas, responsável pela assistência a brasileiros na região] diz uma coisa, depois outra. Não dá para a gente saber o que realmente está acontecendo. É preciso que seja tomada uma providência o mais rápido possível."


Colaborou José Eduardo Rondon, da Agência Folha

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