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Violência obriga a andar em grupo, diz brasileira
DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Entrar para um grupo de 14 estudantes de diversas partes do
mundo foi a única forma que a
publicitária brasileira Monica
Vassao, 25, encontrou para enfrentar o caos no Superdome, estádio de 75 andares que está servindo de refúgio para milhares de
desabrigados em Nova Orleans.
Dentro do Superdome, a situação é de calamidade e só é possível
se manter viva andando em grupos. Monica contou para a mãe,
Vera Vassao, 46, que as brigas entre bandos são cada vez mais comuns. "A única forma que ela encontrou de se proteger do vandalismo foi andar com esse pessoal.
Minha filha tem medo de ser atacada porque está todo mundo
descontrolado", afirma.
A última conversa de Vera com
a filha foi na madrugada de terça
para quarta-feira. "A bateria do
celular dela acabou e não tivemos
mais nenhuma notícia. Estamos
desesperados."
Monica, que é de Curitiba e foi
para os EUA estudar, estava no
Superdome com outra amiga brasileira, Letícia Campos, que mora
em Belo Horizonte. "Minha filha
me pediu socorro. Contou que,
por causa do calor, há muita gente
morrendo de desidratação. Os cadáveres estão por todos os lados
do estádio e ninguém dá assistência. Ela disse que se sente em um
filme de terror."
De acordo com Vera, a filha
também disse que os suicídios estavam se tornando cada vez mais
constantes. "As pessoas não podem sair do estádio, que está sem
luz, sem água, sem infra-estrutura. Monica falou que está com
medo de começarem epidemias já
que há muitos abrigados doentes
e sem remédios." Há também
muitos idosos e crianças, contou.
A irmã de Monica, Sue Helen
Vassao, 23, disse ontem que vem
tomando calmante para suportar
a pressão da falta de notícias da
publicitária.
Para Sue Helen, o desencontro
de informações faz com que a angústia à espera de notícias da irmã
aumente ainda mais com o passar
dos dias.
"O consulado [brasileiro em
Houston, Texas, responsável pela
assistência a brasileiros na região]
diz uma coisa, depois outra. Não
dá para a gente saber o que realmente está acontecendo. É preciso que seja tomada uma providência o mais rápido possível."
Colaborou José Eduardo Rondon, da Agência Folha
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