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REPRESSÃO
Membros da seita banida Fa Lun Gong são esmurrados e chutados na praça após ato no Dia Nacional da China
Pequim prende centenas após protesto
DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
Centenas de seguidores da seita
banida Fa Lun Gong foram presos
ontem após realizar protesto pacífico na praça Tiananmen (Paz
Celestial), centro de Pequim, atrapalhando as comemorações do
Dia Nacional da China.
Segundo testemunhas, a polícia
esmurrou, chutou e arrastou pelos cabelos os manifestantes, no
momento em que a praça estava
cheia de turistas estrangeiros e
chineses do interior.
Depois de mais de uma hora de
protestos, a polícia esvaziou completamente a praça. Só depois de
cerca de 30 minutos foi permitida
a entrada de turistas, mesmo assim em número limitado. Pequenos focos de protesto continuaram a ocorrer ao longo do dia,
apesar da repressão policial.
Manifestantes obstinados
A agência oficial de notícias chinesa "Xinhua" informou que a
polícia prendeu "seguidores obstinados da seita Fa Lun Gong" por
perturbar a ordem pública na
praça Tiananmen.
Os manifestantes "pretendiam
enfraquecer a atmosfera harmoniosa das celebrações do Dia Nacional", afirmou a "Xinhua".
Não há informações sobre protestos ocorridos fora de Pequim.
Mas, em Hong Kong, cerca de 200
membros da Fa Lun Gong protestaram contra a "brutal supressão"
da seita, intensificada a partir do
banimento, em julho de 1999.
A segurança em Pequim havia
sido reforçada para a comemoração do Dia Nacional -uma das
muitas "datas sensíveis" da China, quando aqueles que lutam
contra o regime comunista tentam realizar protestos públicos,
frequentemente na praça Tiananmen, o coração político da nação.
Mas membros da Fa Lun Gong
têm desafiado quase diariamente
a repressão policial, por meio de
protestos similares, desde que o
governo baniu o grupo, rotulando-o de "culto diabólico".
No próximo mês será o primeiro aniversário de uma lei draconiana aprovada pelo Parlamento
contra a disseminação dos cultos,
que acabou por fornecer amparo
legal para condenações duras a líderes da Fa Lun Gong.
Pequim diz ter prendido desde
então 150 líderes da seita, acusando-a de ser responsável pela morte de 1.500 pessoas e a perturbação mental de outras 600.
A Fa Lun Gong, por sua vez,
afirma que milhares de membros
da seita estão presos em campos
de trabalho forçado sem terem
ido a julgamento.
Um grupo de direitos humanos
com sede em Hong Kong também diz que pelo menos 52 membros da seita que estavam sob custódia do governo desde o banimento já morreram.
Precedente
Os protestos da Fa Lun Gong
abriram um precedente alarmante no fechado regime chinês com
sua campanha sem tréguas em favor da desobediência civil, que teve início depois do banimento.
A Fa Lun Gong combina meditação e exercício com uma doutrina que tem raízes nos ensinamentos do budismo e do taoísmo.
A seita se tornou um grande incômodo para Pequim desde que
passou a atrair a simpatia de outros grupos religiosos e a adicionar combustível à crítica feita por
países ocidentais sobre a situação
dos direitos humanos na China,
especialmente em relação à liberdade de culto.
Os órgãos de imprensa do governo chinês também têm se
mostrado alarmados com o comportamento de ativistas que lutam pela democracia e de grupos
que defendem o separatismo em
regiões rebeldes, os quais estariam adotando a fórmula de protestos pacíficos da seita.
No mês passado, o poeta exilado Huang Beling conclamou os
intelectuais chineses a seguirem o
exemplo da Fa Lun Gong e lutarem contra a opressão do governo
por meio da desobediência civil.
No último dia 28, o governo chinês acusou a Fa Lun Gong de estar
"compactuando com as forças
antichinesas do Ocidente", incluindo tibetanos, taiwaneses e
dissidentes exilados, que desejam
enfraquecer o governo.
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