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"Não ate minhas mãos", pede Bush ao Congresso
MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO
O presidente dos EUA, George
W. Bush, rechaçou ontem uma
proposta alternativa de autorização a um ataque ao Iraque, apresentada pelo senador democrata
Joseph Biden e por seu colega republicano Richard Lugar, argumentando que ela o deixaria de
"mãos atadas" em relação ao regime de Saddam Hussein.
Os dois senadores conceberam
um texto mais brando que o que
fora apresentado pela Casa Branca aos congressistas. Este, essencialmente, daria carta branca ao
governo para agir "em toda a região". Para Biden e Lugar, a ação
deverá restringir-se ao Iraque, e a
força militar só poderá ser utilizada para pôr fim às armas de destruição em massa de que dispõe
Saddam, não para depô-lo.
Os senadores, que buscavam
conquistar a anuência de vários
de seus colegas democratas que
ainda são contrários a um novo
conflito no golfo Pérsico, suprimiram de sua proposta as acusações, feitas pela Casa Branca, de
que o regime iraquiano oprime
sua população, apóia terroristas e
ameaça seus vizinhos.
A Casa Branca não tardou a reagir, afirmando que o texto proposto não permitiria, por exemplo, que os EUA ajudassem a minoria curda caso ela fosse atacada
por Saddam. "O texto não fala nada sobre o terrorismo, sobre a repressão à população ou sobre a
ameaça aos países vizinhos [do
Iraque"", declarou Ari Fleischer,
porta-voz da Casa Branca.
Bush foi ainda mais enfático:
"Não quero uma resolução que
me deixe de mãos atadas. Não vejo por que os congressistas buscariam aprovar uma resolução enfraquecida. Mas conversarei com
eles e tenho certeza de que chegaremos a um acordo". Segundo ele,
um texto aprovado pelo Congresso em 1998, quando Saddam deixou de permitir a entrada de inspetores de armas no Iraque, era
mais forte que o proposto ontem.
De acordo com especialistas ouvidos pela Folha, as dificuldades
encontradas pelo governo no
Congresso são totalmente normais e fazem parte de qualquer
discussão política delicada.
"O primeiro capítulo das negociações foi a apresentação do texto da Casa Branca. O segundo foi
a reação do Congresso -com um
texto bem mais brando. As negociações se intensificarão, e, em
breve, haverá um consenso", explicou Michael Bailey, professor
de administração pública na Universidade de Georgetown (EUA).
John Ruggie, ex-secretário-geral-assistente da ONU (1997 a
2001) e autor de, entre outros,
"Winning the Peace" (conquistando a paz), arriscou até um
prognóstico sobre o resultado das
negociações que ocorrem atualmente em Washington.
"Bush queria carta branca para
agir no Oriente Médio. O Congresso pensa nas consequências
de um novo conflito na região.
Logo ambos chegarão a um acordo. Creio em algo assim: o Congresso manterá a "exigência" de
que a força militar só seja usada
para desarmar o Iraque, porém,
se, para tanto, for necessário depor Saddam, ele não se oporá."
Bush reuniu-se com líderes democratas e republicanos. Hoje ele
discute novamente o tema com
congressistas. O Senado deve
abrir oficialmente as deliberações
sobre a questão ainda hoje.
Com agências internacionais
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