|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Che Guevara é mais herói do que assassino, diz biógrafo americano
Jornalista Jon Lee Anderson diz que argentino matou em contexto de guerra
LUCIANA COELHO
ENVIADA ESPECIAL A PORTO ALEGRE
Para o homem que assina
aquela que é tida como a mais
precisa biografia do ícone revolucionário Ernesto "Che" Guevara, "assassino" é uma palavra
muito forte para definir o argentino -ainda que ele ostente
no currículo uma lista de mortes nas frentes de batalha em
Cuba, no Congo e na Bolívia.
"Era um contexto de guerra",
diz Jon Lee Anderson. "Ele matou gente. Guerra se trata de
matar pessoas."
A definição do jornalista norte-americano, autor de "Che
Guevara -Uma Biografia" (Objetiva, 1997), veio em resposta a
uma pergunta sobre se o homem que ajudou Fidel Castro a
liderar a Revolução Cubana
(1959) deveria passar para a
história como herói ou assassino. No próximo dia 8, serão
completados 40 anos da morte
de Che pelo Exército boliviano.
Para ele, Che é um herói porque as pessoas o querem assim.
"A política dele em si não importa tanto quanto a mitologia
criada ao seu redor. Se as pessoas querem que ele se torne
um mito, logo ele é um mito",
disse o jornalista em palestra
em Porto Alegre, na noite de
ontem, no seminário Fronteiras do Pensamento, promovido
pela Universidade Federal do
Rio Grande do Sul (UFRGS).
Repórter da prestigiosa revista "New Yorker", Anderson,
50, passou os últimos anos cobrindo as guerras do Iraque e
do Afeganistão, além de produzir registros agudos sobre Cuba, onde viveu por três anos.
O saldo dessa experiência é a
constatação de que o governo
de George W. Bush, com sua
desastrosa experiência no Iraque, solapou a credibilidade
dos EUA no mundo e que trocar o poder da influência pelo
das armas foi uma má idéia,
com conseqüências tão duradouras que dificilmente seu sucessor conseguirá mitigar. Para
ele, o antiamericanismo não só
cresceu como gerou percepções distorcidas, como a idéia
de que a mídia do país tornou-se instrumento de propaganda.
No vácuo desse sentimento,
florescem os governos populistas. "Hugo Chávez está tentando quebrar a hegemonia dos
EUA", fala. "Ainda é um rato
que ruge, mas já tem feito bastante barulho."
A jornalista LUCIANA COELHO viajou a convite
do seminário Fronteiras do Pensamento
Texto Anterior: Calouro: Chávez lança CD musical Próximo Texto: Iraque: Número de civis mortos cai pela metade, aponta Bagdá Índice
|