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Micheletti promete negociar; país perde 6% do PIB com golpe
Trocas comerciais, porém, seguem sem restrições, já que durante crise todos temem perder negócios
FLÁVIA MARREIRO
DA REPORTAGEM LOCAL
Após integrantes do empresariado se manifestarem a favor de uma solução negociada
para a crise em Honduras, Roberto Micheletti se reuniu ontem com organizações do setor
para dizer que o governo golpista "está disposto a dialogar".
Ele voltou a prometer que derrogará o estado de sítio.
"Começamos a conversar entre nós. Houve avanço", disse
Benjamin Bográn, ministro da
Indústria e Comércio de Micheletti, que esteve no encontro ao lado de membros do Cohep (Conselho Hondurenho da
Empresa Privada) e da Associação Nacional de Industriais
(Andi), entre outros.
Indagado sobre se há espaço
para discutir a volta do deposto
Manuel Zelaya ao poder, Bográn se esquivou. Afirmou que
o foco, agora, está nos pontos
comuns, não nas divergências.
Micheletti passou a sofrer
pressão de empresários e políticos para que negocie quando
cresceu a percepção de que as
eleições gerais de novembro
não serão reconhecidas internacionalmente caso a situação
siga como está. O decreto de estado de sítio irritou os candidatos, em plena campanha eleitoral, e até a população pró-golpe.
O setor produtivo de Honduras teme que a arrastada crise
política afete mais a economia
do país, já abalado pela recessão mundial. O FMI estimou
ontem que o PIB vai cair 2% em
2009, 0,5 ponto a mais do que o
previsto em abril. "As duas crises se mesclam, e Zelaya não
havia feito nada para mitigar a
recessão", reclama Bográn.
Segundo estudo da ONG
Grupo da Sociedade Civil
(GSC), o golpe causou até agora
um prejuízo de US$ 800 milhões para o país devido à paralisação da ajuda internacional e
financiamento externo para
programas governamentais e
obras, ao fechamento temporário de fronteiras e aeroportos e
à queda no turismo e investimento -6% da riqueza do país.
O GSC é consultor do governo e da Cooperação Internacional no gerenciamento do fundo
de combate à pobreza nacional.
"A crise mundial é uma
ameaça clara para aprofundar a
pobreza, mas a crise política,
social e econômica provocada
pelo golpe é mais sistêmica, rápida e invasiva", diz a ONG.
Quase 17% do Orçamento vem
da cooperação internacional,
aplicada principalmente na
área social.
O golpe congelou, segundo
Bográn, mais de US$ 150 milhões do FMI para reforço das
reservas e outros US$ 50 milhões em crédito no BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e no Banco Centro-Americano de Integração
Econômica (BCIE).
Nesta semana, empresários
da construção civil informaram
que, sem os financiamentos, só
têm crédito para seguir com
obras públicas em infraestrutura por mais um mês.
O intercâmbio comercial, porém, não foi afetado. Apesar das
ameaças, a avaliação é que restrições do tipo não vão ocorrer,
pois numa crise mundial ninguém quer perder negócios.
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