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Zelaya cobre janelas com papel-alumínio por temor de "raios de micro-ondas"
DO ENVIADO A TEGUCIGALPA
Para evitar "raios de micro-ondas", o presidente deposto,
Manuel Zelaya, mandou tapar
com folhas de papel-alumínio
todas as janelas do escritório
do embaixador brasileiro em
Honduras, onde ele está dormindo há 11 dias.
Diariamente, Zelaya reclama de cansaço e de dor de cabeça, sintomas que atribui à
emissão de raios. Ele desconfia que alguém de dentro do
prédio informa os militares
sobre sua localização para que
o ataque seja mais direto.
Zelaya vive obcecado com
segurança e, em uma semana,
só foi visto na área externa
uma vez. Dos 53 hondurenhos
que acompanham o deposto e
sua mulher, Xiomara, 27 têm
funções de vigilância, segundo
um "censo" feito por sua assessoria ontem (são 67 pessoas dormindo na embaixada,
incluindo a reportagem da
Folha, e não cerca de 50, como estimado anteontem).
A administração da embaixada tem 17 pistolas guardadas, todas entregues pela segurança do deposto.
Além de proteger o casal, a
nova "cortina" do quarto também ajuda a aumentar a escuridão interna. Uma espécie de
guerra de holofotes começou
há três dias, quando os militares instalaram poderosos refletores num morro ao lado de
onde o presidente dorme.
As luzes militares foram
uma resposta aos refletores
instalados por Zelaya na entrada da embaixada. À noite,
pelo menos dois vigias usavam o equipamento para iluminar a rua. Agora, a luz aponta para os refletores dos militares, e o resultado é que um
cega o outro.
O papel-alumínio teria ainda uma terceira função: melhorar o sinal de celular, afetado pelos bloqueadores instalados pelos militares. Em vários momentos do dia, as ligações não duram mais do que
30 segundos, principalmente
na frente da casa, onde está o
quarto de Zelaya.
(FM)
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