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População teme onda de criminalidade
Quito vive calmaria, mas Guayaquil, principal centro econômico do Equador, passou dia preocupada com saques
Equatorianos receiam crimes devido à falta dos policiais nas ruas; políticos discutiam os possível ato de Correa
ENVIADA ESPECIAL A QUITO
ESPECIAL PARA A FOLHA, EM QUITO
Apesar de uma aparente
calma no Equador ontem, a
população temia os efeitos
da falta de policiamento.
Em Guayaquil, cidade
mais populosa, houve saques e assaltos. Dezenas de
estabelecimentos comerciais
foram praticamente desmantelados, em razão da ausência dos policiais, ocupados
fazendo protestos. Para controlar esses efeitos, o governo
determinou que o Exército
saísse às ruas.
Na capital, Quito, os bancos funcionavam com as portas fechadas ontem enquanto dezenas de clientes formavam filas nas ruas.
Os transportes públicos
normalizaram seus serviços
pela manhã; havia grandes
filas nos postos de gasolina.
Assim, de maneira paulatina, as atividades bancárias,
comerciais e administrativas
estavam se reiniciando.
As operações dos principais aeroportos foram retomadas na manhã de ontem.
Os postos de fronteira em
Rumichaca, junto à Colômbia, e Huaquillas, junto ao
Peru, tiveram as suas operações normalizadas às 10h.
Em Quito, a alteração do
cotidiano era sentida nos arredores do palácio presidencial. A praça que reunira simpatizantes do presidente Rafael Correa na véspera estava
cercada de militares, e só a
imprensa e pequenos comerciantes conseguiam passar.
"Não voltamos à normalidade. Isso está desolado",
afirmou Stalin Proeño, que
se enfrentou com a polícia rebelde que cercou Correa.
"Mas confio que o presidente vai determinar uma
punição exemplar. É a única
maneira que essa tentativa
de golpe não se repita", dizia
Proeño, vendedor de roupa.
TENSA CALMA
A tensa calma era exacerbada pela incerteza no mundo parlamentar equatoriano.
Deputados equatorianos
ouvidos pela Folha não descartavam que o presidente
cumprisse a promessa de dissolver a Assembleia Nacional
e convocar eleições gerais.
"O presidente pode fazê-lo
a qualquer momento, como
já disseram seus porta-vozes.
Mas não seria oportuno. Há
clima de comoção no país.
Foram cinco vidas perdidas",
diz a parlamentar Nívea Vélez, que não se alinha nem
com a oposição nem com o
governo na Assembleia.
Vélez foi negociadora da
controversa "lei do serviço
público" que afeta policiais e
militares, estopim da revolta
de um grupo de policiais.
Os parlamentares, incluindo governistas, aprovaram
versão da lei que preservava
os benefícios dos oficiais.
O presidente equatoriano
mudou o texto e devolveu-o à
Assembleia que tentou derrubar a modificação na noite
de quarta, mas faltaram 5 para os 83 votos necessários.
"Foi o desconhecimento a
uma lei consensuada por todas as forças", disse o oposicionista César Montúfar.
(FLÁVIA MARREIRO E JOSE OLMOS)
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