São Paulo, sábado, 02 de outubro de 2010

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População teme onda de criminalidade

Quito vive calmaria, mas Guayaquil, principal centro econômico do Equador, passou dia preocupada com saques

Equatorianos receiam crimes devido à falta dos policiais nas ruas; políticos discutiam os possível ato de Correa

ENVIADA ESPECIAL A QUITO
ESPECIAL PARA A FOLHA, EM QUITO

Apesar de uma aparente calma no Equador ontem, a população temia os efeitos da falta de policiamento.
Em Guayaquil, cidade mais populosa, houve saques e assaltos. Dezenas de estabelecimentos comerciais foram praticamente desmantelados, em razão da ausência dos policiais, ocupados fazendo protestos. Para controlar esses efeitos, o governo determinou que o Exército saísse às ruas.
Na capital, Quito, os bancos funcionavam com as portas fechadas ontem enquanto dezenas de clientes formavam filas nas ruas.
Os transportes públicos normalizaram seus serviços pela manhã; havia grandes filas nos postos de gasolina.
Assim, de maneira paulatina, as atividades bancárias, comerciais e administrativas estavam se reiniciando.
As operações dos principais aeroportos foram retomadas na manhã de ontem.
Os postos de fronteira em Rumichaca, junto à Colômbia, e Huaquillas, junto ao Peru, tiveram as suas operações normalizadas às 10h.
Em Quito, a alteração do cotidiano era sentida nos arredores do palácio presidencial. A praça que reunira simpatizantes do presidente Rafael Correa na véspera estava cercada de militares, e só a imprensa e pequenos comerciantes conseguiam passar.
"Não voltamos à normalidade. Isso está desolado", afirmou Stalin Proeño, que se enfrentou com a polícia rebelde que cercou Correa.
"Mas confio que o presidente vai determinar uma punição exemplar. É a única maneira que essa tentativa de golpe não se repita", dizia Proeño, vendedor de roupa.

TENSA CALMA
A tensa calma era exacerbada pela incerteza no mundo parlamentar equatoriano.
Deputados equatorianos ouvidos pela Folha não descartavam que o presidente cumprisse a promessa de dissolver a Assembleia Nacional e convocar eleições gerais.
"O presidente pode fazê-lo a qualquer momento, como já disseram seus porta-vozes. Mas não seria oportuno. Há clima de comoção no país. Foram cinco vidas perdidas", diz a parlamentar Nívea Vélez, que não se alinha nem com a oposição nem com o governo na Assembleia.
Vélez foi negociadora da controversa "lei do serviço público" que afeta policiais e militares, estopim da revolta de um grupo de policiais.
Os parlamentares, incluindo governistas, aprovaram versão da lei que preservava os benefícios dos oficiais.
O presidente equatoriano mudou o texto e devolveu-o à Assembleia que tentou derrubar a modificação na noite de quarta, mas faltaram 5 para os 83 votos necessários.
"Foi o desconhecimento a uma lei consensuada por todas as forças", disse o oposicionista César Montúfar. (FLÁVIA MARREIRO E JOSE OLMOS)


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