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ONU indica outro genocídio na África na década de 90
Relatório diz que refugiados da etnia hutu foram alvo de perseguição em vingança ao massacre de 800 mil em 94
Exército de Ruanda, controlado pela etnia tutsi, teria promovido invasões à República Democrática do Congo
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
A ONU sugeriu ontem que
um segundo genocídio ocorreu na África central na década passada, como reação à
matança de 800 mil pessoas
em Ruanda, em 1994.
As vítimas deste "contragenocídio" seriam membros
da etnia hutu que se refugiaram na República Democrática do Congo (RDC) após patrocinarem a morte de seus
rivais tutsis.
Eles teriam sido alvo de
vingança do governo tutsi
que se instalou em Ruanda
após o massacre.
"Os ataques sistemáticos
descritos nesse relatórios revelam elementos que podem
ser caracterizados como crimes de genocídio", diz o documento divulgado.
O mapeamento de violações a direitos humanos foi
feito com 1.280 testemunhas.
Ao final de um ano de investigações, a ONU indicou, em
um texto de 550 páginas, 647
crimes graves que causaram
a morte de dezenas de milhares de civis até 2003, na RDC.
As fontes ouvidas pela
ONU indicam que depois do
êxodo dos hutus, em 1994, as
tropas da Frente Patriótica
Ruandesa, partido do atual
presidente, Paul Kagame, invadiram a RDC, onde 1,2 milhão de hutus haviam procurado abrigo.
Na ação, Ruanda seria
acompanhada por soldados
congoleses, ugandeses e de
outras milícias locais.
DUPLO GENOCÍDIO
As alegações foram contestadas pelo governo de
Ruanda, que acusa os agentes da ONU de validarem a
"teoria do duplo genocídio",
em que os assassinatos contra tutsis igualariam as baixas entre os hutus.
"Ruanda vai continuar a
defender-se contra as tentativas de reescrever nossa história de qualquer forma e em
qualquer fórum, reservando
o direito de rever nossos vários compromissos com a
ONU", disse Louise Mushikiwabo, ministro das Relações
Exteriores do país.
Já a República Democrática do Congo aplaudiu as conclusões. "Consternador" e
"horrorizante" foram as palavras usadas pelo embaixador da RDC na ONU, em Nova
York, Ileka Atoki, para descrever o histórico de atrocidades com os hutus.
"As vítimas merecem justiça", disse Atoki, um dos que
propõem que a controvérsia
seja resolvida em um tribunal internacional.
Entidades humanitárias,
como a Cruz Vermelha, evitaram comentar o caso, com temor de que o debate agrave
os problemas com direitos
humanos que a RDC enfrenta
no momento.
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