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Intensidade da tristeza em vilarejo é insuportável
PETER POPHAM
DO "THE INDEPENDENT",
EM SAN GIULIANO DI PUGLIA
O centro de esportes de San
Giuliano di Puglia, uma estrutura
moderna de concreto a centenas
de metros do centro do vilarejo,
abriga hoje uma tristeza imensurável. É para cá que as vítimas do
tremor de anteontem foram trazidas para um velório coletivo.
Um grito terrível escapa do ginásio, amplificado pelo teto côncavo. O corpo de Melissa, um dos
últimos a serem retirados dos escombros da escola, chegou e foi
estendido, como a maioria dos
outros, em um pequeno caixão
branco. Sua avó, ao entrar, grita:
"Melissa! Melissa! Por quê?"
Depois da terrível noite de San
Giuliano -13 pequenos cadáveres foram retirados das ruínas entre a meia-noite e às 8h, e apenas
um menino, Angelo, foi resgatado
com vida- o vilarejo estará para
sempre dividido entre aqueles cuja longa espera ao redor dos destroços da escola foi recompensada por aplausos barulhentos e
aqueles que, como a família de
Melissa, não receberam nada.
Alguns pais colocaram objetos
nos caixões: bichos de pelúcia,
roupas, fotografias. Um menino
tem a camisa de seu time de futebol estendida sobre o peito. Seu
pai e sua mãe tocam sua cabeça.
A intensidade da tristeza aqui é
insuportável.
San Giuliano é um vilarejo bonito, com uma igreja do século 14,
uma torre medieval e 1.200 habitantes. Mas qual é seu futuro?
Na entrada do ginásio, Matteo
Campanelli, 69, que perdeu quatro netos, diz que é como se a próxima geração tivesse sido apagada. "Que os anjos os recebam."
Dos nove alunos da primeira série, só Veronica, 7, sobreviveu.
Um grupo de idosos sentado em
cadeiras de plástico observa o
monumento no centro de San
Giuliano com os nomes dos 48 filhos do vilarejo mortos durante a
Segunda Guerra. "Para que a Itália vivesse eles morreram", diz a
mensagem na pedra. Mais da metade disso morreu aqui em um
dia. E não há consolos patrióticos.
Com agências internacionais
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