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MÍDIA
Segundo o aprovado pela Câmara, somente informações oficiais podem ser publicadas na cobertura de casos de terrorismo
Rússia vai censurar imprensa em ações antiterror
DA REDAÇÃO
Os deputados russos aprovaram na Duma (Câmara Baixa do
Parlamento) leis para restringir a
cobertura da imprensa durante
ações antiterroristas.
As medidas de censura já tramitavam antes da crise envolvendo a
tomada de mais de 800 reféns por
terroristas tchetchenos num teatro de Moscou, na semana passada. Foram aprovadas por 231 votos a 106 e ainda ainda precisam
ser ratificadas pelo Conselho da
Federação (Câmara Alta), onde o
governo, que apóia a iniciativa,
tem maioria.
Apesar de ainda não terem entrado em vigor, as regras atraíram
novamente a atenção de entidades internacionais de defesa das
liberdades de imprensa para o
histórico controverso das relações
entre o presidente russo, Vladimir Putin, e a mídia.
O presidente tem se envolvido
em confrontos com emissoras
privadas de TV e de rádio e editoras de jornais no país, o que levou
algumas delas a reclamar de pressões e de tentativa de censura.
O Kremlin mostrou-se extremamente contrariado com as
acusações de jornalistas de que as
autoridades não procuraram negociar uma saída pacífica com os
terroristas no caso do teatro.
Os críticos também contestaram o uso de um gás que acabou
matando 117 reféns e mandou
centenas para o hospital.
"Eu não acho que isso seja uma
limitação das liberdades democráticas", disse Viktor Ozerov,
presidente do Comitê de Segurança e de Defesa do Conselho da Federação. "Em situações como essa
[a do teatro], apenas informações
de fontes oficiais devem ser usadas. Informações de segunda mão
não podem ser difundidas."
Ainda não estava claro quem seria o responsável pela aplicação
das novas regras, mas uma entrevista de ontem do ministro da Informação, Mikhail Lesin, ao diário "Izvestia" o indicava como o
candidato mais provável.
"Os terroristas tinham um bem
montado plano de mídia", disse
Lesin ao "Izvestia". "Eles estavam
bem preparados, no que se refere
a conhecer a mídia e os jornalistas
da Rússia", afirmou o ministro.
O secretário-geral do Sindicato
dos Jornalistas da Rússia, Mikhail
Fedotov, disse à rádio Ekho, de
Moscou, que "a vida das pessoas é
mais importante do que o direito
à informação". "Se você entende
que suas palavras podem piorar
uma situação envolvendo reféns,
você tem de se calar. Manter-se
calado é que é o problema."
Sob as novas medidas legais, a
imprensa não teria podido, por
exemplo, noticiar o uso de gases
na ação que colocou um fim no
sequestro de Moscou.
A imprensa não poderia também divulgar informações ou citações que pudessem ser consideradas perigosas para a condução
das operações antiterroristas.
Agora, passa a ser proibido tornar públicas quaisquer declarações de terroristas julgadas como
propaganda.
Durante o cerco ao teatro, as autoridades proibiram o canal privado de televisão NTV de transmitir declarações de Movsar Barayev, o líder do comando terrorista que tomou os reféns.
Apesar da censura, a maioria
dos jornais e das emissoras de TV
da Rússia enalteceu o modo com
Putin lidou com a crise. A primeira pesquisa de opinião feita após o
fim do cerco deu 85% de aprovação popular às ações do governo.
Com agências internacionais
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