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São Paulo, terça-feira, 02 de dezembro de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Levantamento mostra que menos da metade da população acha que deposição de Saddam foi o melhor fato do ano

79% dos iraquianos desconfiam da coalizão, diz pesquisa

DA REDAÇÃO

Diante da crescente violência no Iraque ocupado -cujo saldo no fim de semana foi de 54 iraquianos, três soldados americanos e 12 civis de outros países mortos -, uma pesquisa mostrou que 79% dos iraquianos não confiam nas tropas de ocupação e 75% têm reservas quanto à Autoridade Provisória da Coalizão.
Entretanto 78% afirmaram desconfiar dos partidos políticos do país e apenas 7% apontaram "um governo democrático e independente" como prioridade.
Os números aparecem em uma pesquisa com 3.244 pessoas divulgada ontem pelo grupo britânico Oxford Research International e realizada entre meados de outubro e meados de novembro em colaboração com as universidades de Dohuk e de Bagdá. A margem de erro não foi divulgada.
De acordo com o estudo, menos da metade dos iraquianos (42%) vê a deposição do ditador Saddam Hussein pelos EUA como "a melhor coisa" ocorrida no país no último ano, e 35% das pessoas apontam a guerra como "a pior coisa" no período. Como prioridade para 2004, 40% colocaram "a paz e a estabilidade", 17% disseram "uma vida melhor" e 7% apontaram "um governo democrático e independente".
A pesquisa foi realizada no período de maior violência no país desde o anúncio do fim dos principais combates, em 1º de maio. Ataques que ganharam força sobretudo no último mês visaram não somente as tropas americanas, como vinha ocorrendo na maior parte dos casos até então, mas também cidadãos de países que se aliaram aos EUA, políticos e policiais locais que colaboram com a ocupação e até organismos humanitários e civis iraquianos.
Apesar de a situação parecer estar cada vez pior, o secretário da Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, reiterou que a situação na maior parte do Iraque é estável.
No último domingo, um embate entre soldados americanos e supostos insurgentes em Samarra (norte) resultou na morte de 54 iraquianos e em 22 feridos.
Segundo o comando dos EUA -que anunciara 46 mortos mas revisou o número-, os suspeitos tentavam emboscar um comboio que levava cédulas de dinheiro.
Já a polícia iraquiana cita oito civis mortos. Um policial afirmou que os soldados americanos, ao serem atacados, abriram fogo indistintamente, atingindo civis. O comando americano nega a versão e diz ter visado agressores que preparavam uma emboscada "altamente coordenada".
A ação dos EUA sucedeu uma série de ataques contra seus aliados -sete agentes do serviço secreto espanhol e dois diplomatas japoneses foram mortos no sábado, e dois sul-coreanos e um colombiano morreram domingo.
Além disso, dois soldados americanos morreram em ataques, e ontem mais um foi morto em uma emboscada em Habbaniya (noroeste), elevando para 188 o número de baixas dos EUA em ações hostis no pós-guerra.
No Japão, o premiê Junichiro Koizumi reafirmou o compromisso com a reconstrução iraquiana. No entanto Koizumi, reeleito em novembro, enfrenta a crescente oposição da imprensa e da população japonesas à decisão.
Uma pesquisa divulgada ontem pelo jornal "Mainichi Shimbun", um dos maiores do país, mostrou que 83% dos japoneses têm reservas quanto ao envio de tropas.
A mesma enquete apontou uma queda de 14 pontos percentuais no apoio ao premiê, para 42%. Foram entrevistadas 1.036 pessoas durante o fim de semana, um quarto das quais após a morte dos diplomatas. A margem de erro não foi informada.


Com agências internacionais

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