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Com Rice, eleito reforça laço com a ONU e posição sobre intervenção
ANDREA MURTA
DE NOVA YORK
Após oito anos em que George W. Bush minimizou o papel
da ONU, a relação dos EUA
com o organismo internacional
deve ganhar novo tom sob Barack Obama. O primeiro sinal
disso foi a nomeação, ontem, de
Susan Rice, favorável ao multilateralismo e ao intervencionismo humanitário -"ações
dramáticas" contra violência e
a pobreza ao redor do mundo-
como embaixadora na ONU.
O segundo é a intenção de devolver ao cargo de Rice, 44, o
status ministerial que tinha sob
Bill Clinton (1993-2001).
A ela caberá coordenar na
ONU as ações diplomáticas do
novo governo, com ênfase na
ajuda humanitária e na reconstrução de Estados falidos. "Para
fortalecer nossa segurança comum, temos de investir em
nossa humanidade comum",
afirmou após sua indicação.
Rice foi uma das mais próximas conselheiras de Obama em
política externa na campanha
-o apoio foi uma defecção na
equipe da ex-pré-candidata Hillary Clinton, com quem mantinha laços após servir como secretária-assistente de Estado
para a África sob Clinton.
Ela afirma que seu período
no Departamento de Estado,
em que assistiu ao massacre em
Ruanda em 1994 (onde os EUA
não intervieram), foi fundamental para moldar suas posições: "Jurei que, se encontrar
uma situação dessas de novo,
defenderei posições drásticas,
usando toda força necessária".
Fiel à promessa, Rice, uma
protegida da ex-secretária de
Estado Madeleine Albright
(1997-2001), já defendeu ante o
Congresso dos EUA uma ação
militar americana em Darfur,
no Sudão.
Analistas ouvidos pela Folha, porém, não vêem em sua
nomeação sinal de intervenções iminentes. "O que teremos
é um reconhecimento forte da
diplomacia, que será mais vigorosa do que a de Bush inclusive
para conflitos internos. Mas
não espero mais uso de força
militar, a não ser em casos extremos", disse Stewart Patrick,
analista do Council on Foreign
Relations e amigo de Rice.
Seu maior desafio, no entanto, será convencer a ONU e o
público americano de que os
EUA ainda vêem o organismo
como vital para a paz mundial.
"Ela terá de desfazer os erros de
estilo e tom cometidos sob
Bush", afirmou Robert Rotberg, diretor do Programa de
Resolução de Conflitos da Universidade Harvard.
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