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Senadora leva ao gabinete política externa pragmática, porém dura
DE NOVA YORK
A nomeação da ex-rival Hillary Clinton como secretária
de Estado projeta a intenção do
presidente eleito dos EUA, Barack Obama, de adotar uma
abordagem pragmática, porém
dura, em política externa. Mas
a senadora leva também ao gabinete uma maior prontidão
em defender o uso da força em
conflitos internacionais.
Durante a disputa pela candidatura democrata à Casa Branca, Obama criticou Hillary por
seu voto, em 2002, a favor da
invasão do Iraque. Ela nunca
lamentou a decisão, mas se tornou uma das mais duras críticas do governo Bush e prometeu acabar com a guerra se fosse eleita. Seu plano era começar
a retirada das tropas 60 dias
após a posse; o de Obama prevê
a saída da maior parte dos soldados em até 16 meses.
Um ponto crucial em que
ambos concordam é a necessidade de transferir o foco da
guerra ao terror do Iraque para
o Afeganistão. A senadora quer
fazer da fronteira entre o país e
o Paquistão a frente de ação
principal contra a Al Qaeda, designando um enviado para desenvolver as políticas dos EUA.
Suas posições em relação ao
Irã, país que desenvolve um
programa nuclear que Washington teme ser bélico, também refletem o estilo duro. Ela
exortou um reforço da diplomacia com o país mas, ao mesmo tempo, não descartou ação
militar. Como secretária de Estado, poderá ter de levar a cabo
uma política de Obama que no
passado ela caracterizou como
ingênua: a de realizar encontros de alto escalão com governos hostis, inclusive Teerã.
A senadora também é partidária da tese de "promover a
democracia no mundo árabe".
Em relação a Israel, ela já atraiu
críticas de grupos judaicos por
ter defendido o estabelecimento de um Estado palestino, mas
em geral se alinha a interesses
israelenses em política externa.
Na América Latina, Hillary é
contra o fim do embargo econômico a Cuba.
Sobre a China, fez, em campanha, declarações fortes contra o impacto do gigante asiático nos EUA, que estaria causando uma "erosão lenta de
nossa soberania econômica".
Também pediu a Bush que não
comparecesse à abertura dos
Jogos Olímpicos em Pequim
devido à repressão no Tibete.
No comércio, Hillary se diz
cética quanto ao Nafta (Tratado de Livre Comércio da América do Norte) e é contra a proposta de tratado de livre comércio com a Colômbia, supostamente devido à violência
contra sindicalistas no país.
A próxima secretária de Estado defende ainda uma ação
vigorosa para revitalizar a "decadente" credibilidade dos
EUA no mundo. Ela deverá
coordenar a tarefa com Susan
Rice, indicada por Obama para
representar os EUA na ONU.
Rice deve ganhar de Obama
status de ministra e assim se
sentar ao lado de Hillary no gabinete, em uma mistura perigosa de egos e posições diferentes.
"Podemos esperar algumas
discordâncias", afirmou à Folha Stewart Patrick, analista
sênior do Council on Foreign
Relations. "Susan Rice também
tem uma personalidade extremamente poderosa e tenaz. Caberá a Obama determinar exatamente a atuação de cada uma.
Mas o resultado pode ser positivo, pois ele já disse que espera
opiniões diversas."
As duas mulheres divergem,
entre outras coisas, a respeito
da necessidade de intervenções
militares. Em 2007, por exemplo, Hillary afirmou em um debate democrata que não acredita que tropas americanas devem ser enviadas a Darfur (Sudão), bandeira de Rice.
(AM)
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