São Paulo, quarta-feira, 03 de janeiro de 2001

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China é acusada de torturar e assassinar 92 seguidores de seita

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Tortura e perseguições por parte de policiais chineses causaram a morte de quatro seguidores da seita banida Fa Lun Gong, de acordo com denúncia feita ontem por um grupo de defesa dos direitos humanos de Hong Kong.
Os incidentes elevaram para, no mínimo, 92 o número de seguidores da seita que, desde julho de 1999, morreram supostamente em decorrência de maus-tratos sofridos enquanto estavam sob custódia na China ou durante sua prisão, disse o Centro de Informação para Direitos Humanos e Democracia (CIDHD).
No mês passado, seguidores da Fa Lun Gong de Hong Kong disseram que, desde julho de 1999, a China tinha torturado e matado 95 membros da seita.
Em nota divulgada à imprensa, o CIDHD afirmou que as últimas vítimas incluíam Xu Bing, 33, e Lou Aiqing, 34, da Província chinesa de Shandong (leste do país).
A polícia chinesa deteve os dois em 20 de dezembro passado, quando eles estavam colando cartazes de apoio à Fa Lun Gong na cidade de Qingdao, em Shandong, e, segundo denúncias, submeteu-os a tortura enquanto estavam na prisão.
Em 24 de dezembro, autoridades policiais informaram as famílias de Xu e Lou que ambos haviam morrido de problemas cardíacos. Ao observar diversas escoriações em seus corpos, as famílias tiraram fotografias dos cadáveres, mas a polícia confiscou os filmes, ainda segundo o CIDHD.
Na mesma Província, Xia Shucai, 63, foi preso, em 1º de outubro passado, pouco antes de embarcar para Pequim, onde participaria de um protesto na praça da Paz Celestial, segundo a nota da organização de Hong Kong.
Quando se recusou a pagar uma multa de US$ 242 (em moeda local, o yuan chinês), Xia foi espancado por policias, o que causou sua morte, ocorrida em 22 de dezembro. Familiares da vítima constataram diversos ferimentos em seu corpo.
Na Província central de Sichuan, Su Qinghua, 32, morreu em consequência de ferimentos sofridos quando a polícia tentava detê-la, em 20 de dezembro. Ela caiu da janela de seu apartamento, localizado no sexto andar, quando tentava impedir que um policial entrasse em sua casa.
A Fa Lun Gong (exercício da roda da lei, em tradução literal), que também é conhecida como Fa Lun Dafa, é considerada como um "culto diabólico" pelo governo da China.
A seita combina meditação e exercícios com uma doutrina que se baseia em ensinamentos budistas e taoístas. Ela chocou Pequim pela primeira vez quando organizou um protesto, em abril de 1999, ao qual compareceram cerca de 10 mil pessoas. A Fa Lun Gong foi proibida em julho de 1999.

Cingapura
Em Cingapura, 15 membros da seita foram detidos, em 31 de dezembro, ao tentar fazer uma vigília ilegal em homenagem a seguidores chineses mortos na prisão. As autoridades estipularam fiança de US$ 1.500 para cada um, mas eles se recusam a aceitar que outros seguidores a paguem.


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