São Paulo, sexta-feira, 03 de janeiro de 2003

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"EIXO DO MAL"

Presidente diz querer "península coreana livre de armas nucleares" e afirma esperar solução "pacífica" para a crise

Bush pede pressão sobre Coréia do Norte

DA REDAÇÃO

O presidente dos EUA, George W. Bush, afirmou ontem que espera que a península coreana seja uma "zona livre de armas nucleares" e sugeriu que os aliados dos EUA na região devem ajudar a pressionar a Coréia do Norte a suspender seu programa de armas nucleares.
"Eles [os aliados dos americanos" devem estar colocando pressão sobre a Coréia do Norte, mas vocês não sabem sobre isso", disse ele a jornalistas em seu rancho em Crawford, no Texas, sugerindo que há mais esforços diplomáticos em curso do que é conhecido publicamente.
"Estamos trabalhando com os aliados na região para explicar claramente à Coréia do Norte que não é do interesse dela a proliferação de armas de destruição em massa", disse Bush. "Esperamos que a península coreana seja livre de armas nucleares", afirmou.
Bush disse acreditar que o impasse sobre o programa de armas nucleares seja resolvido "pacificamente". Segundo ele, a questão é "diplomática, não militar".
Apesar disso, Bush fez uma crítica direta ao ditador norte-coreano, Kim Jong-il, afirmando não ter "coração" aquele que "faz seu povo passar fome". "Uma das razões pelas quais as pessoas estão passando fome é que o líder da Coréia do Norte não faz nada para ter uma economia forte e para que eles possam se alimentar", disse.
Bush disse que os EUA "são um dos maiores doadores de alimentos para o povo norte-coreano". Uma fonte do governo americano disse ontem à agência de notícias France Presse que os EUA pretendem manter sua ajuda alimentar à Coréia do Norte.
No início do ano passado, Bush incluiu a Coréia do Norte, ao lado de Irã e Iraque, no que chamou de "eixo do mal", de países que estariam desenvolvendo armas de destruição em massa.
No fim do ano passado, a Coréia do Norte admitiu estar desenvolvendo um programa nuclear, provocando a suspensão, pelos EUA, de um acordo que previa o envio de petróleo ao país. Em reação, a Coréia do Norte expulsou do país inspetores das Nações Unidas e anunciou a reativação do reator nuclear de Yongbyon.
Na semana passada, o secretário da Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, fez uma advertência à Coréia do Norte e afirmou que os americanos estão prontos para lutar e vencer duas guerras simultâneas -com o Iraque e com a Coréia do Norte-, se necessário.

Apoio chinês
A Coréia do Sul conseguiu ontem o apoio da China, tradicional aliada da Coréia do Norte na região, para pressionar diplomaticamente o país a suspender seu programa nuclear e reduzir a tensão. "Temos de mobilizar todos os recursos diplomáticos para encontrar uma solução pacífica para o problema, que está diretamente ligado à estabilidade e à prosperidade de nossa nação", disse o ministro das Relações Exteriores sul-coreano, Choi Sung-hong.
Em um encontro em Pequim, o vice-primeiro-ministro da Coréia do Sul, Lee Tae-sik, e o vice-chanceler chinês, Wang Yi, acordaram que os dois países trabalharão em conjunto para tentar resolver a questão "pacificamente", por meio do diálogo.
"Os dois lados trabalharão para evitar que a situação se torne ainda mais grave", disse o ministro sul-coreano dos Assuntos de Ásia e Pacífico, Shin Jung-seung.
O vice-chanceler da Coréia do Sul, Kim Hang-kyung, deve viajar hoje a Moscou para encontrar o vice-chanceler russo, Alexander Losyukov, para pedir também o apoio da Rússia, outro tradicional aliado da Coréia do Norte.
No início da semana que vem, membros dos governos de Coréia do Sul, Japão e EUA farão um encontro em Washington para discutir a crise na Coréia do Norte.
O governo sul-coreano busca o apoio chinês e russo para tentar convencer os EUA sobre a viabilidade de uma saída diplomática para a crise.
A Coréia do Norte diz que abandonará suas ambições nucleares somente se o governo americano assinar um pacto de não-agressão. Mas os EUA dizem que só iniciarão negociações quando a Coréia do Norte abandonar seu programa nuclear, alegando que não podem ceder a "chantagem".
"Não creio que esse seja um problema impossível de ser resolvido", afirmou o presidente da Coréia do Sul, Kim Dae-jung, que pediu a EUA e Coréia do Norte que iniciassem conversações.


Com agências internacionais


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