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VIZINHO EM CRISE
Movimento ficará restrito a setor petrolífero; Chávez classifica decisão de "derrota definitiva" dos opositores
Oposição atenua a greve na Venezuela
DA REDAÇÃO
A oposição venezuelana anunciou que restringiria a greve iniciada há dois meses para forçar a
saída do presidente Hugo Chávez.
Alejandro Armas, um dos porta-vozes da Coordenação Democrática, disse anteontem que apenas
o setor petrolífero continuaria
afetado pelo movimento.
"A greve geral atingiu seus objetivos, e o movimento entra agora
numa nova fase", disse Armas.
Chávez reagiu ontem à decisão
de maneira previsivelmente eufórica. Classificou-a de "derrota definitiva" dos oposicionistas e voltou a se referir em termos duros
ao movimento de seus adversários. Disse se tratar de uma "iniciativa malévola e criminosa para
afundar o governo e o Estado".
A greve foi lançada a 2 de dezembro último para forçar a antecipação das eleições presidenciais, marcadas para 2006.
Governo e oposição divergem
sobre o grau de adesão à greve na
estatal do petróleo, responsável
pelo setor-chave da economia.
Mais de 5.000 grevistas da PDVSA
foram demitidos desde dezembro
passado.
Partidários de Chávez argumentam que a produção já atingiu 2 milhões de barris por dia,
longe dos 5 milhões de novembro, enquanto os grevistas dizem
que ela está abaixo de 1 milhão.
A oposição concentra também
seus esforços numa operação que
designou de "El Firmazo", destinada à coleta maciça de assinaturas entre os 12 milhões de eleitores
para forçar a abreviação do mandato de Chávez.
O presidente não comentou a
iniciativa. A operação ("firma" é
assinatura, em castelhano) não é
uma iniciativa inédita.
Até o início da noite de ontem,
era desconhecido o número de assinaturas coletadas. A Coordenação Democrática tem como meta
obter 5 milhões.
Para atrair tantos venezuelanos,
funcionaram ontem 4.000 mesas
de coleta em lugar das 3.400 planejadas. O movimento tem 30 mil
voluntários, de acordo com seus
dirigentes.
As assinaturas seriam encaminhadas à OEA (Organização dos
Estados Americanos), que tem
participado da mediação da crise,
à União Européia e ao Grupo de
Amigos da Venezuela (Brasil,
Chile, Espanha, Estados Unidos,
México e Portugal), formado por
sugestão do Brasil para buscar
uma solução para a crise.
Em termos legais, o abaixo-assinado quer forçar o governo a aceitar a tramitação de uma emenda
constitucional pela qual o mandato de Chávez seria reduzido de
seis para quatro anos.
Com isso, o atual presidente,
eleito em 1998, deveria abrir caminho para sua sucessão.
Pela Constituição, quando o
Executivo não toma a iniciativa de
mudar as regras do jogo, a oposição pode fazê-lo -desde que reúna a assinatura de 15% dos eleitores. Ou seja, 1,8 milhão de venezuelanos, bem abaixo da meta fixada pelos líderes da operação.
A decisão de concentrar a greve
só no segmento petrolífero -de
longe, o principal da economia
venezuelana- foi tomada depois
de encontro de dirigentes da oposição com representantes do Grupo de Amigos da Venezuela.
Um dos grupos favoráveis a
Chávez, autodenominado Carapaica, anunciou que procuraria
tumultuar a coleta de assinaturas.
No ano passado, cinco pessoas foram feridas quando integrantes
dessa organização abriram fogo
contra a Polícia Metropolitana, ligada à administração municipal
de Caracas -de oposição.
Até ontem à noite, havia sido registrado um único incidente, no
qual o confronto entre partidários
do governo (que incendiaram um
carro de reportagem de uma TV
opositora) e coletores de assinaturas foi dispersado pela polícia
com gás lacrimogêneo.
O mais sério indício de que a
greve geral se esvaziava foi dado
na última quarta-feira pelo setor
financeiro, que anunciou, por
dois terços dos votos de seus dirigentes, a decisão de operar normalmente bancos e corretoras a
partir de hoje.
A volta gradativa à normalidade
econômica se deve também à decisão de empresários, mesmo os
mais intransigentes, de reabrir
suas portas para evitar o risco de
quebradeira. Gestores de centros
comerciais, restaurantes e escolas
particulares deverão também voltar hoje à normalidade.
Em entrevista publicada ontem,
Hugo Chávez exprimiu o desejo
de que a guerrilha marxista colombiana se transforme em um
movimento político pacífico e tradicional e disse que a Venezuela
tem sido bem-sucedida ao evitar
que o fenômeno transborde para
dentro de suas fronteiras.
Com agências internacionais
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