São Paulo, quinta-feira, 03 de fevereiro de 2011

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Ditador do Iêmen promete sair em 2013

Ali Abdullah Saleh é pressionado por efeito dominó iniciado na Tunísia; oposição pretende fazer protesto hoje

Argélia, Sudão e Líbia também devem ser palcos de manifestações contra ditaduras nos próximos dias

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

O efeito dominó no mundo árabe após os protestos iniciados na Tunísia chegou ao Iêmen. Ontem, foi a vez do ditador Ali Abdullah Saleh ir a público dizer que não concorrerá à reeleição.
A decisão é uma tentativa de evitar sua queda, como ocorreu com o ditador tunisiano Zine El Abidine Ben Ali.
Há três décadas na cadeira de presidente, Saleh aproveitou para negar os rumores de que pretendia passar o poder ao filho no fim do mandato, em 2013. E abortou o projeto de reforma que o colocaria como presidente vitalício.
Assim como no Egito, contudo, o anúncio não satisfez a oposição, que promete realizar hoje um "dia de fúria".
Não haverá governo hereditário nem presidência vitalícia, disse Saleh.
O vírus da revolta árabe se aproxima até de um dos regimes árabes mais estáveis, a Síria, onde manifestações foram marcadas para amanhã.
O país é um modelo de ditadura hereditária na região desde que o presidente Bashar Assad herdou o poder do pai, Hafez, em 2000.
Há poucos dias, ele previu que o mundo árabe caminha para "uma nova era". Mas não se arriscou a dar palpite sobre o que vem por aí.
Na Argélia, 21 membros do Parlamento propuseram derrubar o "estado de emergência", em vigor desde 1992, usado pelo governo para proibir protestos e a criação de novos partidos políticos.
Ativistas, estudantes e desempregados planejam um grande protesto para defender a ideia no próximo dia 12, mas o governo já declarou o plano ilegal.
Entre outras peças do dominó árabe estão a Líbia, onde o ditador Muammar Gaddafi estaria preparando o filho como sucessor e o Sudão, também com protestos populares no horizonte.

DITADURAS
Ainda é cedo para determinar como ficará o mundo árabe depois da revolta popular que brotou na Tunísia e incendiou o Egito.
O desafio popular às autocracias árabes, que até um mês atrás era impensável, divide os analistas.
Há apostas na democratização, mas também na radicalização do tom islâmico e até na manutenção dos mesmos regimes, com diferente roupagem.
Ao menos um resultado significativo já foi obtido pela pressão das ruas: a farra das ditaduras hereditárias, que ameaçava se alastrar pelos países árabes justamente a partir do Egito, foi bruscamente interrompida.
O anúncio do ditador egípcio, Hosni Mubarak, de que não concorrerá a um sexto mandato nas eleições presidenciais do segundo semestre pode não ter acalmado as ruas do Cairo, mas indica uma mudança dramática no cenário político do país.


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